Acho que foi em 1988 que ela despontou no cenário nacional, após cantar pela noite — começo de muita gente boa. Logo emplacou um dos maiores sucessos de toda a sua carreira, Bem que se quis, na trilha sonora da novela O salvador da pátria, de Lauro César Muniz, embalando o romance entre Bárbara (Lúcia Veríssimo) e Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco). Sabemos que trilhas de novela costumam alavancar carreiras.
Nos anos que se seguiram, tornou-se uma das maiores divas brasileiras. Seu sucesso despeitou muitos críticos, claro, que a consideravam uma "criação da mídia", uma construção artificial do famoso produtor musical Nelson Motta. Que seja, ela pelo menos tinha (e tem) talento, ao contrário de muitos que proliferaram como pragas, literalmente, nos anos 90 e até hoje, cujos trabalhos só servem mesmo para ser lançados... ao fogo.
Com formação lírica, repertório apurado e bom gosto, Marisa Monte era a cantora favorita de 9 em cada 10 jovens há uns 15 anos, mais ou menos. Eu, incluído. Vi seus shows aqui em Belém e adorei.
Com formação lírica, repertório apurado e bom gosto, Marisa Monte era a cantora favorita de 9 em cada 10 jovens há uns 15 anos, mais ou menos. Eu, incluído. Vi seus shows aqui em Belém e adorei.
Nem tudo eram flores, claro. Marisa sempre se achou. Um entojo de artista, era impossível chegar perto dela — muito ao contrário de Adriana Calcanhotto, que a substituiu em meu coração, de quem peguei autógrafos e com quem tirei foto, risonha e simpática. Marisa sempre se comportou como uma diva, como se o artista não dependesse de seu público. Fui-me aborrecendo com seu estrelismo.
A par disso, ela saiu da grande cena, fazendo o estilo apareço-quando-quero-porque-estou-acima-de-modismos. Em minha humilde e leiga opinião, seus últimos CD têm menos valor que os primeiros. Os Tribalistas, estranhíssimos, nos legaram belas composições (as três primeiras do CD, p. ex.), mas algumas chatices de vomitar (aquela da vaquinha é de morte!). E Universo particular eu comprei, escutei e pus de lado. Achei chato. Devo dar mais uma chance. A maior chance, contudo, é quanto ao CD de sambas, que ainda não escutei e que foi elogiado.
Enfim, Marisa Monte está de volta, comemorando 40 anos. Se gosta, aproveite.
Nenhum comentário:
Postar um comentário