Ontem foi oficialmente confirmado que o cadáver encontrado no último dia 20 de dezembro, nas matas da CEASA, pertencia também a um adolescente desaparecido desde quatro dias antes. Com isso, agora são três, e não apenas duas, as vítimas de um assassino em série que assustou a cidade e desapareceu. Mas está livre e não identificado. Até a famosa escritora Ilana Casoy — administradora que, por interesse próprio, tornou-se especialista em assassinos seriais — esteve em Belém para ajudar a traçar um perfil do matador e conclui tratar-se, realmente, de um serial.
A esta altura, vários elementos corroboram essa conclusão. Primeiro, a seleção das vítimas, sempre adolescentes do sexo masculino, revelando que o agressor tem motivação bem delimitada. Segundo, o modus operandi: as vítimas eram escolhidas através da Internet, a que tinham acesso por meio de lan houses. Nelas, sem ingerência familiar, eram cooptadas pelo agressor, com o qual acabavam se encontrando. O matador, portanto, não é uma pessoa completamente sem instrução e recursos. Terceiro, a violência. Levadas sempre ao mesmo lugar — as matas da CEASA escondem bem o crime e o corpo, mas ficam na cidade e chegar e sair dali é bem fácil —, eram barbarizadas e emasculadas. Os delitos assumem, assim, ares ritualísticos.
Por fim, após intensa exploração da imprensa e até mesmo uma promessa das autoridades de que os crimes seriam elucidados em seis meses (o que não ocorreu), o assassino desapareceu. Normal. É muito frequente, entre os seriais, interromper os ataques por um tempo, até por anos, até desejarem atacar de novo.
Eu não teria a leviandade de dizer que a polícia não foi eficiente nas investigações. Sabemos, apenas, que não foi eficaz. E também sabemos que a maior consequência desses delitos horríveis recaiu sobre os proprietários de lan houses.
Evidentemente, como qualquer estabelecimento comercial que atrai um público jovem e manipulável, as lans precisam de criteriosa regulamentação e fiscalização. Sem isso, tornam-se espaços fáceis para exploração sexual e tráfico de drogas, dentre outros problemas. Algumas sequer tinham alvará de funcionamento e aí, convenhamos, é grande a cara de pau. Todavia, não podemos ignorar um fato: não foram as lan houses que mataram esses garotos, e sim um homem com objetivos bem definidos (para ele mesmo, claro). Se ele não dispusesse desses locais, buscaria suas vítimas em pontos de ônibus, na saída de escolas, em campos de futebol, entre os pequenos jornaleiros — onde quer que houvesse meninos. E se ele realmente quisesse a privacidade da internet, bastaria mudar o foco, alcançando meninos na intimidade de seus lares, via Orkut, MSN e afins.
Portanto, precisamos educar as nossas crianças sobre os riscos que a internet favorece. Nossas autoridades precisam ser rigorosas com as lans. Mas, acima de tudo, devem concentrar-se em identificar um matador que age livremente e agiria de qualquer jeito, podendo repeti-lo a qualquer momento, a menos que sejam detido.
Por isso, sempre insistirei: o governo estadual precisa investir pesado em investigação criminal. Não podemos continuar nessa de testemunhas e testemunhas. É a ciência que precisa elucidar os fatos ocorridos na calada da noite.
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