O país do sorriso (Das Land des Lächelns) é uma opereta composta em 1929 pelo húngaro Franz Lehar, o mesmo da famosa A viúva alegre (Die lüstige Witwe). Não creio que ele tivesse em mente o Brasil ao compor tal obra. Entretanto, pelo visto, os sempre bem humorados brasileiros andam querendo o título para si.
Sorri o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil — ANAC, ao ser acossado pelos deputados componentes da CPI da crise aérea.
Sorri o presidente Lula ao dizer que trocou o ministro da Defesa porque Waldir Pires merecia descansar devido a sua idade, ao passo que Nelson Jobim estava em casa sem fazer nada, exceto atrapalhar a esposa.
Sorri o novo ministro, ao dizer que aceitou o cargo porque recebeu as "autorizações maritais".
E vão sorrindo, sorrindo, enquanto o país anda com a boca que é um traço reto e fino na cara. Comprometem até a poesia de Charles Chaplin, em sua célebre canção Smile, que por estas bandas ganhou uma comovente versão de Djavan ("sorri / vai mentindo a tua dor / e ao notar que tu sorris / todo mundo irá supor / que és feliz").
Eu era criança, mas muito criança, quando escutei pela primeira vez o aforismo muito riso é sinal de pouco siso. Não entendia o significado, até por ignorar o que seria "siso". Levei anos para saber que sisos eram dentes que nasciam tardiamente, provocando muitas dores. Então talvez "pouco siso" significasse não ter os tais dentes dolorosos e por isso as pessoas riam. Depois soube porque eram chamados "dentes do juízo" e finalmente entendi tudo.
Neste país, há muita gente rindo porque lhes falta siso. Inclusive, segundo informam os odontólogos, no sentido dentístico da palavra.
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