Sou daqueles que defendem que uma piada não deve ser explicada. Se não entendeu, azar. Isso garante um pouco da graça. Quem nunca se divertiu em meio a uma profusão de pessoas gargalhando e um sujeito lá, com a maior cara de "hein? como assim?"
Todavia, em consideração ao fato de que a pessoa que me perguntou é de fora e estava de passagem pela cidade, abrirei uma exceção. Afinal, gosto de demonstrar a nossa hospitalidade. Então vamos lá.
Mucura (Didelphis marsupialis). Nada mais é do que o conhecido gambá — nome mais difundido no Brasil, embora o animal também seja conhecido como suruê ou sariguê (Bahia), cassac ou timbuo (Nordeste) e micurê (Mato Grosso e Paraguai). Mamífero onívoro de hábitos noturnos, distribui-se por todo o continente americano, do Canadá ao norte da Argentina. É um marsupial, daí o nome, que deriva de guaambá ("saco vazio").
Como gambá que é, para se proteger de predadores, a mucura se finge de morta e expele um líquido fétido produzido por glândulas nas axilas. É um cheiro terrível — um fedor, um futum, uma inhaca, uma catinga capaz de perturbar os sentidos de qualquer ser vivente, à distância.
Ou seja, o odor característico fica mais intenso quando o animal está estressado, surgindo daí a expressão mucura morta a pauladas, para indicar algo extraordinariamente fedido e repugnante. Uma coisa assim tipo Congresso Nacional. A expressão é carinhosamente empregada por mamães quando querem explicar aos filhinhos a necessidade do banho quando eles voltam da rua.
Pronto, meu caro visitante. Eis aí a mucura e o significado da metáfora. Agora você já conhece um pouco mais sobre a Amazônia.
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