De índios que não sabiam falar português a estrangeiros que também não sabiam. Assim estava constituída boa parcela dos visitantes que acorreram ao parque zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi esta manhã. Mas o local não ficou cheio. Pelo contrário, havia momentos em que podíamos caminhar sozinhos e em silêncio pelas alamedas.
Cheio, mesmo, só de urubus. Sério. Só lixões possuem mais urubus por metro quadrado do que o Museu hoje. Nunca vira coisa semelhante. E não me refiro ao urubu-rei, que estava devidamente engaiolado, por pertencer ao acervo animal da instituição. Falo dos bons e velhos urubus que são a marca registrada, p. ex., do Ver-o-Peso. A peculiaridade acabou rendendo lances curiosos, como o do jovem — parecia ser daqui mesmo do Pará — que passou em frente ao viveiro da anta e anunciou para a criança que o acompanhava: "Aqui são os urubus." Essa é boa. Viu três urubus no chão, mas não a anta que repousava no meio deles.
O outro fato pitoresco é que uma quantidade enorme de pessoas se abaixava para juntar penas de urubus do chão e as levava como se fossem troféus — mais ou menos como se tivessem obtido uma vistosa pena de arara ou de tucano. E não foram apenas estrangeiros incautos a tomar essa atitude pouco higiênica.
Infelizmente, devido às obras de requalificação do espaço — como toda obra pública, intermináveis —, só se tinha acesso ao parque em si e, mesmo assim, sem podermos ver todos os animais. Poraquês, pirarucus, ariranhas e cobras desapareceram. Que eu me lembre, o peixe-boi morreu. Acho que restaram no máximo 30% das atrações. Uma lástima, considerando o potencial de visitação que o Fórum Social Mundial deve ter favorecido. Se o Museu estivesse funcionando a pleno vapor, os visitantes levariam uma lembrança muito mais feliz.
É pena. Mas ainda assim foi uma manhã agradável. Espero que fevereiro tenha começado bem para você.
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