8 mortos, 120 famílias desabrigadas, prejuízos pessoais e materiais incalculáveis, a perplexidade de perder tudo de uma hora para outra e ter que recomeçar. Esse foi o saldo do desabamento do Edifício Palace II, em plena Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, em 22.2.1998, construído de forma irregular pela Sociedade de Terraplanagem, Construção Civil e Agropecuária — SERSAN, de propriedade do então deputado federal Sérgio Augusto Naya.
Apesar do clamor nacional, que até custou a cassação de seu mandato em apenas dois meses, Naya não foi punido pela tragédia. Ele chegou a ter seus bens bloqueados e a passar 137 dias preso em dois períodos distintos (1999 e 2004), mas a condução do seu caso seguiu a liturgia das acusações criminais contra ricos no Brasil. Segundo consta, o verdadeiro culpado pelo desabamento seria o engenheiro José Roberto Chendes, que errou o cálculo estrutural do prédio. Naya foi absolvido em julgamento no ano de 2005, até porque a hipótese levantada pela imprensa — de que o edifício teria sido construído com materiais de baixa qualidade — foi desmentida.
Contudo, Naya tinha culpa por não pagar as indenizações para as vítimas, o que não aconteceu até hoje (amanhã o desabamento completará 11 anos). Nesse meio tempo, esteve em um de seus hoteis em Miami e foi filmado se recusando a tomar champagne em taça de plástico, porque isso era "coisa de pobre". O fato causou furor no Brasil.
Agora, a única justiça que ainda resta aos desamparados chegou para Naya. Um infarto agudo do miocárdio o levou ontem. Azar, mesmo, de quem não acredita sequer na justiça divina.
PS — O lado bom da história é que um shopping center não vai desabar.
PS2 — A energia do cara era tão ruim que eu acessei três vezes o banco de imagens do Google para selecionar uma dele e, em todas, a página congelou e eu tive que reiniciar. Vade retro...
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