segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Trotes a imitar

Penso que os canalhas devem ser expostos e punidos. Caso não se chegue a este segundo estágio, pelo menos a exposição deve ser garantida. Por isso, estou de acordo com a imprensa noticie os trotes violentos contra calouros, que têm recebido amplo destaque nas pautas dos jornalísticos, há algum tempo. E noticie como tem sido feito: com repugnância. Sou a favor de que sejam divulgados nomes e imagens desses delinquentes travestidos de universitários. E para que não me questionem eventual contradição quanto a afirmações já feitas aqui no blog, esclareço: coagir um acusado a exibir o rosto, como os policiais costumam fazer com presos, é arbitrariedade. Mas mostrar fotos obtidas por meios lícitos ou imagens de arquivo é admissível.
A despeito do quanto afirmado, a minha preocupação é com os copiadores. Quanto mais ênfase se dá a um comportamento transgressor, mais os marginais de plantão tendem a imitá-lo. E estamos, p. ex. aqui em Belém, com uma enorme quantidade de calouros, prestes a pisar pela primeira vez em suas instituições. Receio que comecem, por aqui, práticas inspiradas nesses casos divulgados.
Por isso mesmo, considero altamente salutar o novo enfoque dado às reportagens: começaram a focar nos trotes solidários. No Fantástico, de ontem, foi mostrado o trote de calouros de um curso de Medicina, que passaram o dia brincando com crianças internadas num hospital. A mensagem foi dada com todas as letras: "Um exemplo a ser imitado".
Clicando aqui, você encontra uma lista de excelentes iniciativas de universidades de São Paulo, Estado onde estão concentrados os casos de violência. Além da tradicional arrecadação de gêneros para doação, destaco duas iniciativas: um almoço dos calouros com seus pais (porque valoriza as famílias) e, para calouros de Direito, pelo alto interesse histórico, a recepção será com um júri simulado, sob o tema "A morte de Euclides da Cunha".
Parabéns a essa turma do bem.

4 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Na minha opinião não deveria haver trote de espécie alguma. No primeiro dia de aula os calouros deveriam passar da secretaria direto para a sala de aula. O trote seria aula até não acabar mais. Horas a fio logo no primeiro dia, para que reclamem bastante mais tarde quando os professores começarem a faltar.
Em relação a esses casos violentos, publicidade e punição exemplar são o que de melhor se pode fazer. A começar pela expulsão da faculdade. Aliás, a começar também a punir as instituições condescendentes com essa prática estúpida.
A ignorância não é um privilégio dos mais jovens, mas sim uma permissão dos mais velhos.

Yúdice Andrade disse...

Uma das funções da universidade, Fred, é intervir concreta e positivamente sobre a vida das pessoas em sua área de influência, sobretudo em seu entorno imediato. Tanto que a UFPA sempre foi criticada por estar, segundo diziam alguns, de costas para as populações marginalizadas que residem em volta. Posteriormente, surgiram programas de esporte e lazer no campus IV.
Por isso, entendo que, além de muita aula - que é o óbvio -, devem sim ser estimulados os trotes solidários. Para que o calouro já chegue sendo lembrado de que, mais do que chegar a uma profissão e cuidar do próprio umbigo, ele tem obrigações com a sociedade a que pertence. Principalmente se for uma instituição pública.

Anônimo disse...

Quando fiz Engenharia de Materiais o "trote" foi um churrasco de confraternização somente, além de ter que doar sangue no HU.

OBS: A Estácio de Sá é a única Faculdade onde calouros têm mais regalias que veterano, afinal as minhas aulas começaram dia 2 de fev e as deles só em março hehe

Brincadeiras a parte.

Abraços!!!

Yúdice Andrade disse...

A doação de sangue é algo que faz toda a diferença, Jean. Muito bom que a instituição apoie isso.