quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Pedra já cantada

Música estimula vida sexual dos jovensUm estudo conduzido por pesquisadores americanos sugere que adolescentes que escutam músicas de conteúdo sexual depreciativo têm uma vida sexual mais ativa.
A equipe da Universidade de Pittsburgh entrevistou 711 jovens dos 13 aos 18 anos de idade sobre suas vidas sexuais e hábitos musicais.
Eles perceberam que os que ouviam músicas com versos sobre sexo explícito e agressivo regularmente, cerca de 17 horas por semana, tinham o dobro das chances de fazer mais sexo do que os que ouviam músicas apenas 2,7 horas no mesmo período.
Os especialistas classificaram como letras vulgares as que descrevem o sexo como um ato puramente físico e relacionado a relações de poder, diz o estudo divulgado na publicação especializada "American Journal of Preventive Medicine".

Papel dos pais
Os pesquisadores se recusaram, no entanto, a nomear as canções que consideraram depreciativas, dizendo apenas que versos como I'm gonna beat that pussy up ("Eu vou bater naquela vulva", em tradução livre), são comuns nas letras.
O coordenador da pesquisa, Brian Primack, disse que apesar de a pesquisa ter encontrado um elo entre música e sexo, "é difícil afirmar que canções de sexo contribuam diretamente para que os jovens façam sexo mais cedo".
"Eu acredito, no entanto, que os pais devam considerar os resultados. É tentador dizer que música é só 'coisa de jovem'".
"Eu não estou dizendo que os pais devam tentar banir este tipo de música. Isso não vai ajudar. Mas eles devem falar com seus filhos sobre sexo e colocar este tipo de música no contexto correto", completou.
(BBC Brasil)

Basicamente, o mesmo que se dá aqui no Brasil. Mas suspeito de que os pesquisadores americanos ficariam corados de vergonha se escutassem o que o mercado fonográfico brasileiro tem a oferecer.
Aos pais: não é por falta de aviso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Yudice,

certa vez, um repórter, informando a Fidel Castro o resultado de uma pesquisa feita em Cuba com universitárias, segundo a qual muitas se prostituiam para ganhar a vida, perguntou se não era um indicativo claro das agruras de seu sistema de governo. Fidel, respondendo com simplicidade, disse: "Ao contrário. A situação em Cuba está tão boa que até as prostitutas são universitárias".

Cinismos à parte, o fato inegável é que de uma pesquisa se consegue extrair interpretação possível sobre os resultados. Não eliminando a possibildade de que realmente alguma música ou outra expressão artística possa influenciar de forma tão profunda o comportamento de alguém, acho, todavia, mais provável que aqueles jovens que já possuem um comportamento mais "libertino", por assim dizer, gostem mais desse tipo de música. Ou seja: o modo como são influenciam seu gosto musical, e não o contrário.

Analogamente, e utilizando outro exemplo corriqueiro, é bem provável que jovens violentos apreciem mais jogos de PC ou video-game com conteúdo violento do que estes jogos os tornem violentos.

Afinal, tais comportamentos (relacionados a sexo ou violência) possuem causas bem mais complexas do que meras músicas ou jogos.

Marcelo Dantas.

Yúdice Andrade disse...

Caríssimo Marcelo, tua ponderação é bastante justa, sem dúvida. Seria ingenuidade desconhecer que o comportamento humano decorrente de uma gama de fatores e não duvido que influências "culturais" sejam de menor monta. Mas elas podem ter, eventualmente, algum efeito concreto. Até porque não se trata, apenas, do que se ouve, mas da tribo construída em torno desses estilos. Isso se percebe, também, no vestuário, mas principalmente na atitude. E é aí que a coisa vira um problema real.
Neste ponto, entendo que a crítica é pertinente, mesmo que a coloquemos na lista dos menores problemas a enfrentar.
Abraços.