Que desperdício!

O magnífico Palacete Bolonha está sofrendo uma reforma interna para se tornar a sede da Vice-Prefeitura de Belém.

É um gigantesco desperdício cultural. Um prédio majestoso como ele, tão importante para o patrimônio histórico e cultural de nossa cidade, jamais poderia acabar na triste condição de repartição burocrática. Tinha, isto sim, que receber algum tipo de uso que favorecesse uma ampla visitação pública, para que moradores e turistas pudessem conhecer um dos mais perfeitos ícones dos tempos em que Belém era uma das capitais mais gloriosas do país. Mas algum inteligente teve essa ideiazinha que se soma ao interminável leque das grandes iniciativas da gestão municipal que todos conhecemos bem.

Mesmo correndo o risco de ser tachado de partidário, inevitável fazer a comparação:

Quando era prefeito, Edmilson Rodrigues conseguiu recursos para uma grande reforma no prédio, que estava em condições precárias (para variar; vide o Palacete Pinho). Apesar de grande, interna e externa, a reforma atingiu apenas dois pavimentos da edificação. Não houve dinheiro para concluí-la. Sobre isso, também podemos dizer "para variar".

Nessa época, visitei o Bolonha algumas vezes. O espaço chegou a ser utilizado pela Cia. Teatral Nós Outros, que apresentou ali a sua peça "Fica comigo esta noite". Tive a oportunidade de ver muitas pessoas, que iam assistir ao espetáculo, encantadas com o Bolonha, no qual jamais haviam posto os pés antes. Falavam com entusiasmo e se interessavam pela finalização do restauro. Isto sim é um exemplo de uso adequado.

Pensando nisso, Edmilson — que é arquiteto e, presume-se, sabia valorizar essa joia arquitetônica — mandou construir o Memorial dos Povos, espaço multiuso que fica bem ao lado e que tinha a missão, justamente, de se integrar ao Bolonha, funcionando como um grande complexo cultural. Mas, para variar, o projeto não chegou ao fim e, com a queda de Belém nas mãos de sabemos quem, naufragou de vez.

Doravante, quem quiser conhecer o Bolonha pode tentar marcar uma horinha com um senhor chamado Anivaldo Vale, cujo domicílio eleitoral em Belém é uma dessas piadinhas que a Justiça Eleitoral devia nos explicar.