domingo, 23 de setembro de 2007

Indecência

O jornalista Mauro Bonna, em sua coluna do Diário do Pará, hoje, informa que a estadia de Edir Macedo, líder da Igreja Universal, foi custeada pelas prefeituras de Belém e de Ananindeua. Se for verdade, é o caso de perguntar: qual o interesse público que justifica tal gasto? Em que interessa aos Municípios de Belém e Ananindeua a presença de um religioso, seja ele de que religião for?
Ando cada dia mais cansado dessa indecência de usar dinheiro público para subvencionar religiões, o que viola frontalmente a Constituição Federal, na medida em que esta veda toda e qualquer forma de subvenção a quaisquer legendas religiosas. A medida é inconstitucional, ilegal e imoral, pois contenta uma fração da população, em detrimento da obrigatória isonomia que deve existir entre cada cidadão.
Nunca vi o Estado — lato sensu — subvencionar espíritas, judeus, umbandistas ou adeptos do Santo Daime, pelo menos não por estas bandas. Muito menos eventos de agnósticos e ateus. Então acredito que estou no meu direito de protestar.
O Ministério Público tem a obrigação de investigar em que bases gastos pessoais de um líder religioso foram custeados pelos cofres públicos. Não o fazendo, é mais uma omissão criminosa.

5 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

Cuidado com o que é publicado naquela coluna que nunca foi referência de credibilidade e imparcialidade.
Fofoqueiros-mor também se vendem.

Yúdice Andrade disse...

Seja qual for a fonte, recebo tudo que leio na imprensa comum com enormes reservas. Daí que meu texto contém um "se for verdade". A intenção era questionar algo que, se real, constituiria ilegalidade. E, a meu ver, o futuro do pretérito é suficiente para o Ministério Público se apresentar.

Anônimo disse...

Yúdice, o que eu sei, através de um passarinho que esteve no Mangueirão sábado, no culto do bispo Edir Macedo, é que o estádio estava todo enfeitado com grandes faixas da Prefeitura de Belém e de Ananindeua, além do Grupo Yamada. O próprio Macedo, durante o culto teria agradecido a colaboração do prefeito Helder e do Prefeito Duciomar Costa. Se as duas prefeituras bancaram a estada não sei, mas que apoiaram o evento isso apoiaram, inclusive, em chamadas da Record, esse apoio ficou evidente. Agora, o que eu acho é que religião nenhuma pode receber recursos do Estado para promover seus eventos. Se não vale para Universal, também não vale para a Igreja Católica, através do Círio.Um forte abraço.

Anônimo disse...

Em tese o Estado brasileiro é laico, mas em verdade isso nunca aconteceu. Divergências religiosas a parte, é terrível perceber como a religião cristã se torna cada vez mais comercial neste país de antagonismos.
O "bispo" Macedo, que é milionário, receber dos cofres públicos para promover a sua igreja (Firma?) é algo tão absurdo quanto a arquidiocese de Belém exigir do Estado a reforma de suas igrejas, algo com um valor estipulado em mais de dez milhões de reais, ao mesmo tempo em que planeja obras no entorno da basílica orçadas em mais de quarenta e dois milhões! Ambos os casos me parecem exemplos significativos da "espiritualidade" e da "compaixão" transmitidas conjuntamente com os números de contas bancárias na televisão aberta.

Roberto Barros.

Yúdice Andrade disse...

Márcio e Roberto, então a indecência está devidamente escancarada.
Só quero deixar claro que, a meu ver, nada impede que o poder público se envolva em projetos de instituições religiosas, desde que não sejam tipicamente religiosos, por isso constituiria a subvenção constitucional. Nada contra apoio a eventos culturais, p. ex. Afinal, uma instituição religiosa é uma entidade da sociedade civil, como qualquer outra e por isso pode ser auxiliada, se e na medida em que suas ações tenham interesse público.