quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Obrigado, Luciano




Morreu durante a madrugada o famoso tenor italiano Luciano Pavarotti, um dos maiores da História, dono não apenas de uma potência vocal impressionante, mas de um timbre comovente, arrebatador, de provocar vivas emoções quando entoava, p. ex., a celebérrima ária Vesti la giubba, da ópera I Pagliacii, de Leoncavallo. Passei boas horas de minha vida escutando suas interpretações, por isso realmente sentirei saudade. Notícias sobre o falecimento aqui.
Juntamente com Plácido Domingo e José Carreras, Pavarotti participou de um reflorescimento da música erudita, provavelmente inesperado para eles mesmos, quando os três fizeram o memorável concerto das Termas de Caracala, em Roma. Dali para a cerimônia de abertura da Copa do Mundo de 1990, na Itália, e estava a ópera em pleno mundo pop, através de Os Três Tenores. Discos do gênero dispararam em vendas. Pavarotti gostava mesmo de transitar pela cultura pop e, a par de suas preocupações humanitárias, uniu-se a Bono Vox, líder do U2 — uma das maiores bandas de rock de todos os tempos —, para gravar a bela canção Miss Serajevo, em favor das vítimas da guerra na Bósnia.
Foi, enfim, um homem conhecido por seu bom humor, pelo jeito bonachão, que encheu de alegria as vidas de milhares de pessoas. Inclusive a minha. É com real emoção que, neste momento, sinto vibrar dentro de minha cabeça a sua voz entoando a maravilhosa e romântica ária Amor ti vieta, masterpiece da ópera Fedora, de Umberto Giordano:



Amor ti vieta di non amar
La man tua lieve, che mi respinge,
cerca la stretta della mia man
La tua pupilla esprime: "l’amo"
se il labbro dice: "Non t’amerò!"*

* O amor te proíbe de amar / A tua mão suave, que me recusa, / se acerca da minha mão / Os teus olhos revelam: "Te amo" / Mas teus lábios dizem: "Não te amarei!"

3 comentários:

Anônimo disse...

Yúdice, li a notícia da morte de Pavarotti aqui, antes de vê-la nos jornais. Abateu-me uma tristeza tão grande... Ainda mais quando mencionaste "Vesti la giubba", ária de uma tristeza que dói e que ouvi pela primeira vez na voz maravilhosa do italiano, cujo timbre considero o mais dramático e melodioso, por assim dizer, de todos os tenores que conheço.
Luciano Pavarotti, além da voz linda e da técnica impressionante, tinha um sorriso encantador. Parecia ser um cara do bem, uma pessoa sempre emocionada, encantada com os vivas que as platéias do mundo inteiro lhe rendiam. Alguém de uma humanidade enorme, longe do ar blasé e enfadado que muitos artistas de música erudita ostentam.
Mas a morte sempre chega. Realmente, não há dito popular mais exato: ela é a nossa única certeza.

Carlos Barretto  disse...

Mais uma vez, damos destaque a mesma coisa no mesmo dia.
Mas vc conseguiu ser mais eloquente, fazendo justiça ao grande tenor.
Mas também, é o Pavarotti!
Abs

Yúdice Andrade disse...

Com uma latinidade bem italiana, Pavarotti era pura emoção. Correta, portanto, a tua abordagem, Francisco.

Barretto, é que Pavarotti realmente me emocionava muito. Daí foi só colocar os sentimentos para fora.