sábado, 15 de setembro de 2007

Seis furos de enganação

Uma pequena obra na casa de minha mãe: a construção de uma lavanderia. Tijolos comprados, a comparação entre eles e os tijolos usados em uma pequena parede, há cerca de 10 anos, e que agora foi demolida, revela como somos roubados por todos os lados, o tempo inteiro. Os tijolos atuais são 4 centímetros menores, 2 centímetros mais baixos e ligeiramente mais finos. Basta olhar e se percebe. Antigamente, vistos de lado, os tijolos eram retangulares; hoje, são praticamente quadrados.
O resultado óbvio de tamanha safadeza é que a quantidade de 1.600 tijolos que precisei comprar para a nossa obra poderia ser significativamente reduzida se o tamanho fosse preservado. Além de nos obrigar a comprar muito mais peças para cobrir uma mesma área, aumenta o trabalho do pedreiro e isso, é claro, repercute no custo da mão-de-obra. Perdemos duplamente.
Em suma, brasileiro é isso. Adoramos falar mal dos políticos, mas o fato é que presidentes são safados, senadores são safados, deputados são safados. Ao lado deles, fabricantes de material de construção são safados. A loja que nos vendeu um milheiro com 22 peças faltando pertence a um safado. O funcionário que jura de pés juntos ter contado direito é um safado.
De safado em safado, perde-se dinheiro e a paciência; afunda-se a esperança de um país melhor. Nestas terras, para enganar e prejudicar o semelhante se precisa de somente uma coisa: uma oportunidade.

4 comentários:

morenocris disse...

Yúdice...você me faz rir...muito...muito...muito...adoro quando você fica uma fera!

ô tijolinho safado esse !

Beijos.

Val-André Mutran  disse...

Professor, boa noite. Veja só.
Vivemos na República das Bananas, somos catadores de banana para um município, estado e país de sem-vergonhas na cara.
Existe um tal de INPM. O irmão do Duciomar - essa lástima que a imbecilidade corrente elegeu prefeito -, foi chefe lá. É esse órgão a instância de fiscalização para punir quem faz tijolo menor que a medida; fabrica papel higiênico com tamanho e largura fora do gabarito determinado; adultera taxímetro e balança.
Só me responde uma coisa. O irmão do cara tá onde mesmo?
Estamos, portanto, conversados.
Ah! A ORM e a ACP começou hoje a campanha dela contra a criação do Carajás e do Tapajós.
Como estou por aqui preparando a nossa; goataria de te ouvir.
P.S.: É desnecessário, mas, não custa nada ressaltar que quando a Folha Nariguda publicou uma nota hoje no Repórter 70 dizendo que a Mendes e a Produtora estão prestando esse serviço sem ganhar nada, eu te digo...Heheheheheheheh!
Abs

Citadino Kane disse...

Yúdice,
Pôxa! Então se confirma o dito popular - " a ocasião faz o ladrão?!"
Tomara que os próximos tijolos tragam a devida especificação e que todos possam ser felizes.
Abraços,
Pedro

Yúdice Andrade disse...

Ficar uma fera nem é muito difícil para mim, Cris. Ainda hás de rir muito.

Val-André, não sei se o tijolo em questão foi fabricado fora do gabarito ou se o gabarito foi alterado para atender os fabricantes, numa institucionalização da safadeza. Sinceramente, acredito mais nesta segunda hipótese, pois o Brasil é o país da safadeza institucionalizada. E quando me dizes quem é o chefe do órgão responsável pela fiscalização, perco o sei lá o que de esperança que poderia ter.

Pedro, como dito acima, acredito que a "devida especificação" já é, em si mesma, uma safadeza conosco. Valha-nos quem?