domingo, 30 de setembro de 2007

Um domingo no teatro

Ver meu irmão em cena pode ser uma experiência contraditória. Afinal, nem tudo que ele faz me agrada e não são os nossos vínculos familiares e espirituais que me levarão a gostar de todos os seus trabalhos. Mas ele não gosta quando eu não gosto. Paciência. Hoje, contudo, felizmente para ambos, eu gostei muito. E pelo que pude perceber, a aprovação foi geral.
O homem do princípio ao fim, segundo ele, não foi montado como espetáculo, e sim como produto de uma oficina de qualificação de atores. Eu não sei a diferença (talvez o Edyr Proença me esclareça), mas havia um cenário, um figurino, cinco atores e dois músicos, dois diretores e um texto delicioso. É espetáculo suficiente para mim.
Lamento que a despretensão da companhia não tenha permitido sequer maior divulgação. Basta ver que eu mesmo só publiquei a respeito hoje a tarde. Culpa de meu irmão, atribuo.
Resta esperar que a companhia aceite a sugestão que demos eu e outras pessoas. Remontem a encenação, desta feita como espetáculo.
As pessoas adorarão assistir. Inclusive você.

***

Renato Russo. Que peça emocionante! Pelo cartaz, já tínhamos visto a semelhança física entre Bruce Gomlevski e o homenageado. Os trejeitos de palco, exagerados, eram bastante peculiares. Quando ele se virava de costas, parecia estarmos diante de um fantasma. Um fantasma que nos provocava doces emoções.
A peça se autodefine como um musical. Nela, várias canções são interpretadas ao vivo, com o apoio da ótima banda Arte Profana. Gomlevski sabe tocar e canta. Mal, é verdade, mas Renato Russo cantava mal. E quem se importava? Ele pôs nas nossas bocas alguns dos versos mais belos e poderosos da música brasileira. O público acompanhava tudo quase como se estivesse num show de música.
Não posso avaliar se a peça é boa ou não. Como já disse outras vezes, não sou crítico, graças a Deus. Pode ser que tenha havido um certo didatismo e que o final tenha sido piegas, mas toda a montagem me passou uma sinceridade profunda, como se aquelas palavras realmente tivessem partido de Renato Russo. Para mim, é o que basta. Não fui lá escolher o melhor espetáculo do ano para alguma premiação. Fui apenas reviver um aspecto importante de minha juventude. Acho que a grande maioria do público também, em que pese haver uns tantos idosos — bem idosos — presentes.
Saímos todos felizes.

***

Foi uma delícia este domingo de teatro. Pronto: finalmente um domingo que não foi chato.

3 comentários:

morenocris disse...

Legal!

Beijinhos.

Anônimo disse...

Amigo Yúdice
Se ainda não é um espetáculo, é porque a principal preocupação era a qualificação dos atores, mas penso que você tem razão e a Companhia deve, agora, montar o espetáculo, para nosso deleite. Os dias com Teatro são sempre bons!
Abs

Yúdice Andrade disse...

Falaste como o meu irmão, Edyr. Abraço.
E um chamego na Cris.