quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Os imortais paraenses

Três foram os imortais paraenses. Os dois primeiros, Inglês de Sousa e José Veríssimo, ambos nascidos em Óbidos. Os dois foram fundadores, tendo participado inclusive das reuniões preparatórias.

Herculano Marcos Inglês de Sousa (Óbidos, 28.12.1853 — Rio de Janeiro, 6.9.1918) foi o fundador da Cadeira de n. 28, que tem como patrono Manuel Antônio de Almeida. Advogado, professor, jornalista, contista e romancista, foi considerado introdutor do Naturalismo no Brasil. No estatuto da ABL, figura como tesoureiro. Também escreveu sob o pseudônimo Luiz Dolzani. Sua obra mais conhecida é O missionário.

José Veríssimo Dias de Matos (Óbidos, 8.4.1857 — Rio de Janeiro, 2.2.1916) foi o fundador da Cadeira de n. 18, cujo patrono é João Francisco Lisboa. Jornalista, professor, crítico e historiador literário, teve importante participação nos debates sobre a educação brasileira após a proclamação da República. Afastou-se voluntariamente da ABL em 1912, face ao desgosto que sentiu ao ver a eleição de Lauro Müller, ministro das Relações Exteriores e portanto um político, não um homem de letras. Ruía seu sonho de ter uma academia composta apenas por literatos proeminentes. (Nas décadas seguintes, eleições foram controvertidas justamente por conta dos questionáveis méritos de alguns novos acadêmicos.)

O terceiro imortal paraense foi Osvaldo Orico (Belém, 29.12.1900 — Rio de Janeiro, 19.2.1981). Terceiro ocupante da Cadeira 10 (patrono Luís Tito Franco de Almeida), foi eleito em 28.10.1937, na sucessão de Laudelino Freire. Foi professor, diplomata, poeta, contista, romancista, biógrafo e ensaísta. Era membro do Instituto Histórico do Pará; da Academia Portuguesa da História; da Academia das Ciências de Lisboa; da Real Academia Espanhola e da Academia da Latinidade, de Roma.

Em nosso meio há tantos e tão bons escritores. Por que não chegam à ABL? Talvez a congênere paraense nos dê uma pista. Sempre que abre uma vaga, há tanto lobby por ela que uma coisa acaba sendo revelada: política é política. Quem é o autor paraense que tem dinheiro e influência suficientes para concorrer com os medalhões do Centro-Sul Maravilha?

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