terça-feira, 11 de setembro de 2007

Suicidas urbanos

A imbecilidade humana me irrita profundamente. O que me irritou hoje foi — o que não é novidade — a conduta dos ciclistas de Belém, movida por uma (i)lógica que somente pode ser explicada por alguma tendência suicida.
Na esquina da Magalhães Barata com a José Bonifácio, trânsito intenso, uma picape começou a fazer a curva. Nesse momento, um ciclista, vindo da Almirante Barroso — e portanto na contramão — não reduziu a velocidade e simplesmente se meteu entre os veículos, tirando um fino da picape. Por muito pouco o retardado mental não foi colhido em cheio. Mesmo com a pouca velocidade do carro, um acidente desses pode ser fatal, já que o atropelado, ao cair da bicicleta, pode bater a cabeça no asfalto de jeito.
O caso não teve nada a ver comigo, mas me pôs a pensar. O que leva uma pessoa a fazer uma asneira dessas? Pressa? Duvido. Necessidade? Desejo de aventura? Espírito de provocação?
Esta última hipótese parece ser a opinião de minha esposa, para quem o ciclista pensa que o motorista não será louco de atropelá-lo e simplesmente paga para ver. Se for isso, é um completo asno, pois o motorista pode estar atento a outra coisa que não um idiota chegando pelo lado errado. Uma fração de segundo e o impacto se torna inevitável. Aí veremos avolumarem-se as estatísticas bélicas do trânsito brasileiro. Será mais uma família sem uma fonte de renda (sim, também há as perdas emocionais). E o motorista, desta vez inocente, encalacrado com uma acusação de homicídio culposo, pois não faltaria gente para responsabilizá-lo.
Tudo isso me deixa uma pergunta ardendo: para quê?
Saio de casa todos os dias com uma preocupação: não sofrer acidente. Não interessa se causado por mim ou por terceiros. Não interessa quem tem razão. O trânsito — ou a convivência em sociedade — não pode ser uma batalha de opiniões. Só quero chegar a meu destino sem um arranhão na pele ou na lataria. Talvez eu seja, como se dizia antigamente, um careta. O povo gosta mesmo é de levar a vida em ritmo de Olimpíadas. O que acaba levando muitos às Paraolimpíadas. E outros tantos, nem a isso.

6 comentários:

morenocris disse...

Yúdice, bom dia. Eles fazem isso com as pessoas nas ruas também. Não respeitam ninguém. Já vi transeuntes machucados por ciclistas. No chão, literalmente. Boa observação.

Beijos.

Frederico Guerreiro disse...

O problema é a hidrocefalia, mais popularmente conhecida como cabeça d'água. Indivíduos assim não têm dor-de-cabeça, têm vazamento, e não usam tubos e conexões Tigre. Portanto, todo cuidado é pouco.

Carlos Barretto  disse...

Rsssss.
Era o que eu pretendia dizer, Fred.
Mas não pensei na hidrocefalia.
Rsssss.
Ia dizer que era a imensa "capacidade" de tomar decisões erradas, repetindo os erros ad eternum, etc, etc...
Mas vc, me deixou sem discurso.
Resumiu tudo.
Abs

Ivan Daniel disse...

Yúdice, já aconteceu comigo várias vezes de estar saindo do meu prédio e quase aparar com a lateral do carro algum ciclista maluco que vem em velocidade na contramão. O pior é que eles ficam cheios de razões, chamam palavrões, dizem pra eu prestar atenção. Eu até olho, mas a minha atenção maior é pro lado que vem os carros, e os ciclistas aparecem num piscar de olhos. Uma dessas vezes era um pai com o filho pequeno na bicicleta, gritou que eu era um filho da p*#% e que ele estava com uma criança... eu baixei o vidro e gritei de volta que filho da p*#% era ele porque estava errado e pondo em risco a vida da criança.

Anônimo disse...

Amigo,
Some todos os argumentos à falta de Cultura, que nos leva de volta à barbárie, aqui, na Amazônia, de volta à selva, onde não há ruas, sinais de trânsito, onde podemos fazer o que bem entendermos, do nosso jeito, porque, simplesmente, queremos. O ciclista olha para o outro lado e avança na contramão. O pedestre olha para o outro lado e atravessa. É como se entregassem a nós a responsabilidade por qualquer problema. É não se conformar em ser cretino e sim desejar agredir com a cretinice, burrice, falta de Cultura. Pena.
Abs

Yúdice Andrade disse...

Todos os comentários se relacionam. Nossa percepção sobre o problema parece ser semelhante. Destaco a colocação do Ivan: o ciclista absolutamente desconhece que tem regras a obedecer e sempre responsabiliza o motorista por problemas, em geral com péssima educação.
Destaco também o acerto do Edyr: cultura faz falta. É também por falta dela que as pessoas se tornam tão incapazes de viver em sociedade.