sexta-feira, 21 de março de 2008

Daqueles dias raros

Hoje é um daqueles dias improváveis, em que uma coisa impressionante, estarrecedora e quase inacreditável acontece: os supermercados estão fechados!
Recordo-me do tempo, já tão distante, em que os supermercados fechavam às 18 horas e, aos sábados, ao meio dia. Domingo era dia de descanso, para Deus e para os homens. Nem sonhar em comprar alguma coisa fora daqueles horários. Não havia lojas de conveniência. Mas o tempo passou e a vida foi ficando do jeito que é hoje, em que às vezes precisamos telefonar — ou pior: mandar um e-mail — para alguém que mora na mesma casa em que nós, a fim de ter notícias suas.
Atualmente, trabalhar nas grandes empresas é como fazer um pacto com o diabo: o sujeito entra voluntariamente, mas depois de assinar o contrato com sangue, sua vida não mais lhe pertence. Trabalha de domingo a domingo, em jornadas escorchantes. E não pode reclamar, pois se não se submeter a essas condições, a fila do desemprego é sempre imensa.
Apesar da minha solidariedade a esses brasileiros que perderam o direito de ter uma vida pela necessidade de receber um salário — irrisório, diga-se de passagem —, devo confessar que esses raros dias sem supermercado me deixam aflito. É uma sensação irracional. Da última vez que aconteceu, eu realmente precisava fazer umas compras. Comida. Não consegui. Foi estranho. Agoro torço para não precisar de nada até amanhã. Passar pela frente de um supermercado e vê-lo fechado, em horário de expediente normal, coloca-me num mundo irreal, como se fosse uma espécie de ficção científica.
Céus, preciso da minha terapeuta!

2 comentários:

Unknown disse...

Realmente!

Meu pai queria fazer uma receita com peixe. Mas não tinha requeijão. Rodamos, rodamos e rodamos por toda Belém até achar a porcaria que ele estava a procurar!

Realmente, um inferno!

Mas, no mínimo, justo!

fazer o que? Todo mundo é filho de Deus!

Sacanagem foi o Diário afirmar que eles, os supermercados, abririam.

Yúdice Andrade disse...

O problema, CT, é que nos acostumamos rapidamente às facilidades e não temos a mesma rapidez para prescindir dela.
Quanto ao erro do jornal, é só mais um desserviço à população. Nada de novo.