O Bom Dia Brasil de hoje começou com uma reportagem sobre a crescente violência nas escolas, perpetrada pelos próprios estudantes, contra colegas e contra professores. Um problema gravíssimo, sem dúvida, a reclamar urgentes e enérgicas medidas. Não, todavia, o discurso com que o apresentador Renato Machado — sim, o meu amigão, aquele mesmo que considerou extraordinário existir um festival de ópera aqui em Belém — nos brindou. Começava falando sobre a ilusão dos pais, de que seus filhos estão em segurança na escola, quando na verdade estão expostos a todo tipo de perigo. Podem ser espancados, incendiados, mortos.
Sinceramente, bateu uma depressão — quase uma vontade de nunca mais estudar na vida.
Informar e alertar são, evidentemente, papeis da imprensa. Isso não inclui, todavia, aterrorizar. O Brasil possui uma longa tradição de impressionar as pessoas pelo terror. Somente nos últimos anos as campanhas educativas do governo começaram a ter uma aparência decente, pois durante a maior parte de minha vida fui obrigado a conviver com peças publicitárias inspiradas, talvez, no Zé do Caixão. Jamais me esquecerei do "se você não se cuidar, a AIDS vai te pegar!" (Jogue a cabeça para trás e dê uma gargalhada satânica.)
Enfim, o editorial do jornal foi horroroso. E dispensável, porque podíamos ter um foco diferente, mesmo que para apresentar um tema tão horrível e, admito, desesperançador. Nada de panos quentes ou floreios. Podemos lidar com a realidade, apenas, de modo mais objetivo. Sem transformar telejornais em elegias da época do romantismo.
2 comentários:
Yúdice, perdão. Você tem novidades de ontem? Da ultrasonografia?
Beijos.
Já tenho e já publiquei. Beijo.
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