E quem não sabia disso?

Com grande tristeza, vi uma amiga — instruída, viajada — dizer que votaria no nefasto sedizente prefeito de Belém nas próximas eleições, porque ele cumprira a promessa de tirar os camelôs da Presidente Vargas, o que para ela era uma espécie de sonho. Nem questionei o fato de ter sido apenas da Presidente Vargas e, agora, se estar avançando para outros logradouros. O problema, enfim, não foi sanado.
Estarrecido, vi essa amiga subir o tom do discurso e dizer que o famigerado "superou todas as expectativas" e está fazendo um bom governo. Que já fez muitas coisas. Aliás, alguém deveria fazer um estudo sobre o sentido político-partidário do verbo fazer. Ele é largamente utilizado, geralmente sem um objeto que nos esclareça.
O todo deste blog me dispensa de tecer maiores comentários sobre a análise conjuntural feita por minha amiga. Dedico-lhe, apenas, a notinha que o Repórter Diário publicou hoje:

Uma reocupação lenta e gradual de camelôs ocorre na calçada fronteiriça aos Correios, na Presidente Vargas. Sem alarde, mas sob as vistas complacentes de fiscais com as jaquetas pretas do rapa municipal, caixotes de madeira com bugigangas ornavam ontem pela manhã a calçada de fora do antigo terreno do Basa. Se a vigilância afrouxar, a baderna volta.

Como se isso surpreendesse. O sujeito já executou a ação de força, para agradar a classe média. Agora fará a vista grossa, para tentar recuperar votos entre os camelôs. Na futura, mesmo contra todos os fatos e toda a lógica, dirá que foi bom para ambos simultaneamente. Já o conhecemos. Sabemos de sua peculiar forma de interpretar a própria conduta.
Espere para ver.