domingo, 23 de março de 2008

Tema para Júlia

Minha Polyana é neta de Wilson Dias da Fonseca, o Maestro Isoca, de Santarém. O grande músico, compositor e historiador autodidata — que ainda tive a ventura de conhecer — tinha o hábito de compor homenagens para seus filhos e netos, quando nasciam ou pela passagem de datas solenes, além de pessoas amigas. Eram valsas, para as mulheres, e dobrados, para os homens.

Em 24 de março de 2002, o maestro faleceu, após ser submetido a uma cirurgia reparatória das lesões advindas de uma queda em casa, aqui em Belém. Virava-se uma página única da cultura paraense, que não parece muito disposta a ser repetida.

Por estar morando em Florianópolis àquela altura, Polyana não usufruiu da companhia do avô que a criara naquele momento. A saudade e a dor da perda são previsíveis, somadas a um queixume peculiar: nosso filho não teria a sua própria música. Felizmente, a família Fonseca conserva como seu legado mais caro a cultura musical de seus antepassados. Meu sogro é maestro, meu cunhado e pelo menos dois tios são músicos e compositores.

E foi um desses tios, Vicente Fonseca — mais conhecido por ser integrante do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, do qual hoje é o decano — que supriu a ausência de Isoca. A carreira na magistratura trabalhista não o impediu de desenvolver a sua obra musical, hoje composta por mais de 800 peças. Agora, mais um item entra na sua produção.

Tema para Júlia é um trio para dois oboés e piano, com canto, que nosso tio compôs para nossa filhinha e que acabamos de receber. Por enquanto, escutamos apenas em arquivos de formato .midi e .mp3, mas à frente teremos o prazer de escutá-la ao vivo. E, se Deus quiser, um dia no futuro, a própria homenageada participará da execução.

Quando Júlia nascer, apresentarei aos leitores do blog a carinhosa letra composta para a valsinha, que muito nos comoveu. E se eu descobrir como fazê-lo, talvez a música, também.

De coração, muitíssimo obrigado, tio Vicente.

6 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Yúdice/Polyana:

Não há o que agradecer.
No encarte do CD "Sinfonia Amazônica" (volume 2), gravado pela Orquestra Jovem "Maestro Wilson Fonseca", sob a regência de meu irmão José Agostinho da Fonseca (maestro Tinho, pai da Polyana), eu escrevi:
"Polyana – valsa (1979), que Wilson Fonseca dedicou à sua neta, filha do regente da orquestra. Tem letra de Emir Bemerguy. Foi executada no baile dos 15 anos da homenageada, com quem o avô, orgulhoso, dançou, a exemplo do que fez com filhas e netas, nos eventos familiares de igual importância, no tradicional Centro Recreativo de Santarém. Após breve introdução, a peça inicia por um trecho lento, em que se destaca o oboé, na execução de Agostinho Júnior (Tinhinho), irmão de Polyana, cuja beleza nos dá a idéia de uma garotinha à procura do caminho da vida. Na seqüência, o convite à dança: 'Vai, passarinho, vai buscar/Das rosas lindas o frescor,/O encantamento do luar,/Dos namorados o amor!/Vai, pois eu quero compor,/Com ternura e emoção,/Uma doce canção.//Polyana, Polyana,/Beija-flor tão mimoso a brincar!/Polyana, Polyana,/Mais feliz tu fizeste meu lar!/Ó pequena soberana,/Teu sorriso traz prazer./Polyana, Polyana,/Quanto és linda, meu bem, nem sei dizer!'. A netinha, criada pelos avós Wilson e Rosilda, não se continha de tanta felicidade e encantamento. Uma valsinha feita para arrebatar os corações, na oferenda carinhosa de Isoca para sua neta."
Agora, chegou a vez a JÚLIA, a filhinha que vocês aguardam com tanto amor e carinho.
Tenho certeza de que o velho Isoca, se vivo fosse, faria a sua homenagem musical, na tradição da família. Amanhã, ele completa 6 anos que retornou à Orquestra do Senhor. Deixou, porém, o DNA, que eu procurei expressar na composição que dediquei à Júlia. Ela certamente já está impregnada desse gene musical da família.
Inseri micro-temas de Bach e de Wilson Fonseca, na introdução e na coda da composição. Soube que o Yúdice gosta da Ária da 4ª Corda (Suíte Orquestral nº 3, de J. S. Bach). E, é claro, não poderia faltar um leitmotiv para lembrar valsa da Polyana.
O telefonema de vocês, hoje pela manhã, me deixou muito comovido, inclusive por algumas coincidências verificadas na letra da música, que somente o sopro divino poderia nos inspirar. Salve o sorriso e a flor. Smile...
Mais feliz ficarei quando ouvir a própria Júlia tocar a peça que lhe dediquei.
Saibam que a felicidade é recíproca.
Enfim, são 'sonhos de amor!..."
Beijos do tio,
Vicente.

morenocris disse...

Caramba, parece nome de filme "Tema para Júlia" ! Eita garota de sorte! Graças à Deus. Muito legal.

Beijos.

Yúdice Andrade disse...

Júlia tem muita sorte, sim, Cris. As coincidências a que se refere o tio Vicente dizem respeito a referências que a letra faz a flores, que foi o tema escolhido para a decoração do quarto do bebê. Como ele disse, são essas coisas que somente relações muito espirituais podem explicar.

morenocris disse...

Caramba... Bach... caramba !

Beijos.

Yúdice Andrade disse...

Bach é o meu favorito, Cris. Beijo.

Anônimo disse...

Admiro sua cultura e de sua família. É uma grande bênção. Um grande abraço! Alexandre