quarta-feira, 12 de março de 2008

Meninas custam mais caro?

Os comentários feitos pelo meu caríssimo Carlos Thiago na caixinha da postagem anterior merecem uma análise mais detida. De antemão, sei que serei criticado, mas estou sereno quanto ao cabimento das ideias que exporei, tendo ainda o suporte de minha psicóloga.

Meninas não custam mais caro do que meninos. Esta é uma ideia recorrente, que já escutei de um sem número de pessoas nos últimos quatro meses. Mas é uma ideia disseminada porque as pessoas normalmente não sabem fazer a diferença entre necessidades e futilidades, nem entre os seus interesses e os da criança.

Até os 7 anos de idade, em média, a criança ainda não faz uma distinção nítida entre gêneros. Macho e fêmea são conceitos que ela pode reproduzir, porque escuta os adultos falando a respeito. Mas ela própria não os assimila com clareza. Isso tem a ver com o desenvolvimento do seu sistema nervoso, portanto não é coisa que dependa dos caprichos da sociedade de consumo.

Daí resulta que uma menina, nessa primeira etapa da vida, não precisa de laços, babados, vestidos, maquiagens, bolsas, roupas e acessórios transadinhos ou quaisquer outros fru-frus que os adultos, e somente estes, encaram como indispensáveis.

Caia na real: é você que gosta de ver a criança montada. Para ela, isso é indiferente. A criança só tem um sentimento de necessidade e urgência, que é obter a aprovação dos pais e demais pessoas que lhe sejam importantes. Quando ela começa a pedir os mundos e fundos que a enfeitam, faz isso não porque queira enfeitar-se — e muito menos porque precise —, mas porque acredita que, assim, será amada pelos pais. Se ela quer se vestir como os coleguinhas da escola, é por achar que será mais bem aceita pelo grupo.

As meninas, hoje, demandam às famílias adereços estilosos. Mas o fazem porque suas mães e demais referências adultas se enfeitam, pintam e o escambau. A criança, logicamente, quer imitá-las, sem compreender o que isso significa. Veja-se que, hoje, a garotada anda de saltinho, bolsa e maquiagem — um absurdo! Até alguns anos atrás, isso não acontecia e nenhuma criança foi infeliz ou teve seu desenvolvimento atrofiado por isso. Apenas a moda mudou e sua tirania desabou sobre as vítimas indefesas. Como os adultos, por sua vez, estão cada vez menos lúcidos e críticos, consideram esses excessos desejáveis.

Por conseguinte, as famílias que possuam meninas podem manter seus gastos dentro do mesmo orçamento das que têm meninos, desde que se preocupem em alimentar seus filhos de valores e não de bens de consumo. Desde que priorizem o caráter sobre a aparência, o sentido de necessidade sobre o de leviandade. A criança precisa entender que é amada pelo que é, não pelo que aparenta. E que a sua conduta, mais do que qualquer badulaque, é que determinará a acolhida que terá dos pais, demais adultos e das outras crianças.

Num mundo de valores cada vez mais invertidos, as coisas mais importantes continuam sendo gratuitas. Graças a Deus.

4 comentários:

Unknown disse...

Ok!

Na teoria, isso aí está perfeito. O fato de não haver distinção prática (na maneira de pensar da crianças) até os sete anos (eu já tinha lido 6 anos), não se pode negar. É verdade. Se vestir uma menina de 6 anos de menino, e vice-versa, não dá pra se notar que, na verdade, aquela criança é de outro sexo, e, assim como o senhor falou, para elas, não há diferenças de fato.

CONTUDO, como o senhor também falou, o que move esse impulso compulsivo capitalista são os próprios pais, influenciados pela própria sociedade em que estão inseridos.

Pois bem, se a gente se veste de uma determinada maneira, muitas vezes não é por que a gente queria estar daquele jeito aquela hora, e sim porque, se você não estiver daquele jeito (ou melhor vestido), vai, fatalmente, ser vítima das reprovações sociais.

E se nós, que já temos décadas de vida, muitas vezes (muitas mesmo) nos rendemos a essa pressão externa. Por que frágeis crianças não podem?

É muito difícil remar contra a maré.
Pense. Sua filha vai para a aula. Lá, ela vê todas as coleguinhas bem vestidinhas, todas bonitinhas. Ela, seguindo esse pensamento, não teria acesso a muitas coisas que a tornariam "bonitinha". Aí, ela chega em casa e diz:

"Papaizinnnho, as meninas lá da sala tem um monte de coisas bonitas . Elas colocam no cabelo, no braço. Tem até da Barbie. Elas ficam rindo de mim por que só eu não tenho".

Isso, ela fala com aquela carinha de "por favor". hehehehehe. Não há quem resista.

Por isso eu repido. Meninas custam mais, não deveriam se levar em conta a sua forma de pensar, que até tem sentido em uma sociedade comunista, mas são.


Pelo menos é o que eu acho. Ah, espere ela começar a ir ao salão de beleza!

auhauHauhaUahUAha


abraços.

morenocris disse...

Claro que não custam! Basta só a borboleta do cabelo! E pronto! rsrs

Beijos.

Polyana disse...

Com relação aos comentários acima eu acho que vestir menina de menino só porque não faz muita diferença pra eles é um exemplo exagerado. Menina pode (e eu acho lindo) usar vestidos. As roupas de meninos são si diferentes das de menina. Acontece que a roupa de menina não precisa ser um vestido bolo com anáguas e rendas, nem precisa a criança estar com uma árvore de natal inteira enfeitando a cabeça (e olha que umas ainda piscam). Concordo com a Cris, uma "borboleta" no cabelo e pronto. E pra quê criança precisa de bolsa? Ou pior, de salto? Criança de salto é prelúdio de problemas na coluna e quedas. Sapato de criança tem que ser confortável e firme no pé, e não aqueles tamancos só de enfiar que as mães malucas põem nas filhas de 2, 3 anos. Loucura por loucura, prefiro vestir a minha de criança, e não de gente grande em miniatura. Seja menina ou menino.

Yúdice Andrade disse...

Postas as coisas nestes termos, CT, tens razão. Mas pelo ficou claro que os custos ficam por conta das próprias famílias e não das crianças. Sendo assim, o montante das despesas corresponderá ao modo de vida e aos hábitos que forem oferecidos à criança, o que para mim já resolve.

Também gosto de um badulaquezinho, Cris. Pouquinha coisa.

Meu amor, vestir menina como menino foi apenas um exemplo escandaloso, para facilitar a compreensão. No mais, fico feliz em estarmos de acordo sobre essa questão. Afinal, se há duas pessoas que precisam entrar em acordo somos nós.