Todos os semestres letivos, oriento (ou desoriento, sei lá) algumas monografias de conclusão de curso. Isso me permite apontar uma nítida melhoria na qualidade das produções científicas de nossos alunos. Se formos comparar as primeiras levas com os trabalhos mais recentes, veremos a ascensão da qualidade, felizmente.
Claro, trabalhos bons e ruins sempre houve e sempre haverá. Todavia, os primeiros aumentam em quantidade à medida que uma eficiente orientação metodólogica (homenagens aos queridos colegas Gysele Amanajás, Nirson Neto e Ana Cristina Leal), a experiência progressiva dos orientadores e o boca-a-boca dos alunos constroem uma identidade dentro do nosso curso. Hoje se sabe que casos de plágio serão punidos com a reprovação imediata e a obrigação de começar o trabalho novamente, no semestre seguinte. O aluno, assim, perde a formatura. Não tem chora-minha-nega, não. Quem tentou a manobra no semestre passado se deu mal. Graças a Deus, posso assegurar que somos uma faculdade privada que vende apenas serviços educacionais, não diplomas. Se as exigências materiais e formais para integralização curricular não forem cumpridas, paciência.
Especificamente no que tange à área penal, que acompanho pessoalmente, nossos alunos têm-se interessado cada vez mais por temas ou abordagens instigantes. Estão ficando para trás as generalidades de temas como "Aborto", "Crimes contra os costumes" e "Habeas corpus". Em vez disso, discutem-se os aspectos mais inéditos, relevantes, controversos ou atuais dos temas, tais como o abortamento de fetos anencéfalos, as abordagens multidisciplinares sobre violência (p. ex. contra a mulher) e o enfrentamento de questões processuais sob uma ótica constitucional.
Há uma crescente inclinação por fundamentações filosóficas e psicológicas (que eu particularmente adoro) para as abordagens escolhidas. E, a julgar pelo semestre passado, o corpo discente também anda mais interessado em assistir às bancas de defesa, acompanhando o desenrolar dos trabalhos, o que é excelente. Uma defesa ocorre em sessão pública, que gostaríamos estivesse cheia, mostrando o empenho dos estudantes, desde o primeiro semestre, em participar da vida acadêmica e aprender — aprender para a própria vida, o que vai além de simplesmente se preparar para a futura banca que fará.
Apesar do trabalho que dá, a tarefa é recompensadora. Adoro de ver as minhas crianças, vestidas solenemente e com o maior ar de compenetração, fazendo a defesa. Mas adoro, acima de tudo, quando acaba tudo bem, poder elogiá-los e mimá-los, principalmente se houver familiares presentes.
A docência é um vício. Dos bons.
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