1
Cidadão propõe ação de separação litigiosa contra a esposa (obviamente). Na audiência de conciliação, o juiz começa dizendo:
— Então o senhor quer a separação e a culpa é da d. Fulana?
— Não, excelência. A culpa é minha.
— Mas como? — estranha o juiz. — Se um cônjuge pede a separação ou o divórcio é litigioso, é porque atribui a culpa ao outro contraente.
— Mas neste caso, excelência, a culpa é minha.
— E por que o senhor acha isso?
— Porque, desde que me casei, tudo é culpa minha.
O juiz baixa a cabeça e fica um longo tempo em silêncio. Mais para si mesmo, deixa escapar um "Sei como é..." Meses mais tarde, o pedido do autor da ação foi julgado procedente.
2
Numa cidadezinha do interior, o juiz chega para a audiência de conciliação de uma separação consensual e toma um susto: o autor é um lavrador franzino, lá pela casa dos 30 anos, e a ré é uma senhora robusta, com pelo menos o dobro da idade. Folheando os autos, lê o nome das partes e começa:
— Bom dia, sr. Francisco. Bom dia, d. Antônia. Como o seu advogado deve ter explicado, antes de decidirmos sobre a situação do casal, precisamos tentar uma conciliação.
— Não carece tentar, doutor — interrompe Francisco. — Não tem jeito de viver com essa mulher, não.
— Mas, seu Francisco — argumenta o simpático juiz, sempre sensível aos dramas de seus jurisdicionados —, como o senhor pode dizer isso? Vocês não prometeram se amar até que a morte os separasse?
— Olha, doutor, até que eu prometi, mas pra filha dela — esclarece Francisco.
— Como é?! — O juiz se assusta e imagina um escândalo de adultério intrafamiliar em andamento.
— Sabe o que é, excelência? — intervém o advogado, um tipo bastante simplório. — A d. Antônia não é a esposa do seu Francisco. É a sogra. É que eles moram com a sogra e não está mais dando certo. Ele quer se separar da sogra.
— É, doutor — emenda Francisco. — Eu adoro a minha Creuza, mas não dá para viver com essa peste!
Um início de discussão, com d. Antônia revelando o seu mau humor. O juiz folheia os autos e descobre a certidão de casamento, a qual comprovava que Francisco era casado com uma Creuza, filha de uma Antônia. Sem acreditar no que via, passa uma descompostura no advogado, explicando o óbvio: uma pessoa só pode se separar do próprio cônjuge.
Francisco vai embora cabisbaixo. Não sabe quando se livrará da sogra.
3
Audiência de conciliação de divórcio litigioso direto. Ânimos acirradíssimos, não demora a estourar uma confusão entre o jovem empresário e sua ainda esposa, platinada e coberta de joias. Gritos ouvidos no corredor, veias saltadas no pescoço, bolsas ameaçadoras no ar, advogados atônitos tentando manter a calma, juiz advertindo que estava prestes a mandar prender as partes. Bufando, os dois se controlam e se sentam. Após passar um pito nos histéricos, o juiz tenta fazer seu trabalho:
— O motivo do pedido de divórcio é que o sr. Rafael acusa a sra. Maristela de adultério...
— Eu não traí ninguém! — interrompeu a acusada.
— Traiu, sim, sua vagabunda! — bradou Rafael.
— Vagabunda é a tua mãe, seu corno!
— Ah, eu sou corno? Eu sou corno? Se eu sou corno, então isso prova que tu és uma vagabunda!
Coincidência ou não, um ano mais tarde, o juiz deu razão ao autor.
3 comentários:
Caramba...como você pode fazer isso comigo, chorar logo pela manhã?.. rsrs
Bom dia, Yúdice.
Já ri tanto amigo...rsrs
Adorei a crônica da sogra...ah! como adorei!... rsrs
Beijos.
Os fatos são, no geral, verídicos e me foram contados há longos tempos. O que a memória não respondeu, foi preenchido com a criatividade. Creia-me, Cris, são histórias plausíveis.
É verdade tudo isso?
Gostei da forma como está colocada. Achei que fosse apenas criatividade, brincadeira, sei lá...
Caramba...
Beijos, Yúdice.
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