terça-feira, 2 de outubro de 2007

Inferno bem terreno

Eu ia dizer que hoje começa, em definitivo, o meu inferno astral, mas me dei conta de que meus tormentos são bastante terrenos, mesmo. Hoje começo a aplicar provas. Esta parte, dizem, é o inferno dos alunos, mas não acredito, porque considero as minhas um tanto quanto trabalhosas, mas acessíveis. Serão três dias consecutivos de ais e suspiros, a julgar pelos semestres anteriores.
Após, começa o meu inferno absoluto: corrigir as provas. A docência seria perfeita se não existissem provas. Mas já que existem, resta-me pagar o preço. Afinal, foi a escolha de minha vida e não são umas centenas e centenas de papeis escritos que me desviarão de meu caminho.
Muitas vezes me perguntaram por que diabos troquei o mundo dos concursos pelo magistério. Há uma resposta óbvia: e por que diabos todo jurista teria a obrigação de querer ser juiz? Só a magistratura merece cabeças pensantes? Penso que as cabeças pensantes deveriam estar em todos os lugares e em todas as atividades, inclusive na função de varrer ruas. Mas sem dúvida que, na academia, elas são mais necessárias, já que ali a missão é produzir e multiplicar conhecimento.
Mas para ser bem honesto, esse discurso acadêmico fica para as solenidades. Aqui, entre amigos, devo confessar que conviver com essa garotada cheia de projetos (embora muitos deles em nada relacionados ao Direito), vê-los amadurecendo à medida que seguem nossas aulas, pensar em como eram quando os conhecemos e como são quando concluímos nossa tarefa, isso sim me define com maior clareza.
Pensar que cada ser humano é o resultado de uma longa engenharia e que eu, de algum modo, pus alguns tijolos nessa obra, é a minha realização. Vale a pena corrigir essas provas para, depois, vê-los abrir seus largos sorrisos quando apareço em sua frente.
Ah, a docência! Só sendo muito doido, mesmo...

2 comentários:

Anônimo disse...

É verdade, professor! Só sendo muito doido pra aguentar a gente...hehehe.
E quanto aos sorrisos mencionados em seu texto aí vai depender do senhor!
bjs.

Yúdice Andrade disse...

Mas vocês são bacanas, Laila. Já tive experiências mais pesadas. Com vocês, estou em paz.
Já quanto aos sorrisos, penso que os meus é que dependerão de vocês.