18 de outubro, dia do médico. Minhas homenagens a esses profissionais tão controvertidos, que eu respeito — seja porque pensei seriamente em me tornar um e até hoje me pergunto se não teria sido uma boa escolha, seja porque advoguei para o sindicato da categoria e pude ver o quanto são alvo de acusações injustas, aleivosias, calúnias, perseguições de autoridades acometidas de fúria punitiva ou de interesses ainda mais escusos.
Salários defasados, explorações de empregadores (curiosamente, também médicos) e planos de saúde, jornadas de trabalho escorchantes, dificuldade de acesso a cursos de reciclagem, especialização ou a residências, elevados custos da formação acadêmica, faculdades em crise de qualidade, ausência crônica de investimentos públicos... Seriam muitos os dramas a listar.
Também há muitos senões a suscitar contra os médicos, especialmente, a meu ver, uma crescente falta de consideração com o público, o que é absolutamente inconcebível, já que se trata de um profissional destinado a tratar de seres humanos. Isso se revela não apenas no menosprezo a que somos relegados nas indecentes salas de espera ou na descarada preferência de atendimento por quem paga consultas ou procedimentos particulares, mas sobretudo pela carência de atendimento olho no olho, pela pressa em nos despachar a fim de atender logo outro, pelo descompromisso em tirar todas as dúvidas, em compreender os medos e resistências — essas inafastáveis expressões da fragilidade humana.
Faço questão de destacar: quanto mais humanizada a relação entre o médico e o paciente, menores são as possibilidades de acusações de erro profissional. Vale a pena pensar nisso.
Hoje, contudo, ficam apenas as minhas felicitações e meus votos de que o exercício da profissão se torne cada dia mais digno e vantajoso, tanto no plano da satisfação pessoal e qualidade de vida, quanto no do retorno financeiro. Afinal, é também para isso que trabalhamos.
5 comentários:
Também cheguei a cogitar tal possibilidade, e seguir o caminho de meus parentes mais próximos (porém mesmo assim distantes). Contudo, só em pensar na palavra "plantão", já me dá calafrios... heheheh
Por essas e outras, PARABÉNS mesmo!
em dobro, já que minha sogra é médica, e completou ano ontem.
:D
Apesar dos pesares, Parabéns aos médicos, em especial ao Flanar e ao Oliver, que são blogueiros.
Viva!
Beijos aos três.
Aí, CT, bajulando a sogrinha! Isso mesmo! Vai lá, garotão!
Sem dúvida, Cris, ao escrever a postagem, pensava com especial carinho em amigos pessoais, já contabilizando os nossos queridos blogueiros flanadores.
Agradeço também em nome de Oliver e Gui, os 3 médicos do Flanar.
E ratifico integralmente os termos do post. Como acompanhante, também já tive meu filho de apenas 5 anos tratado de maneira inadequada em um consultório médico da cidade.
Na oportunidade, buscando ser tratado como todos (que deveria ser bem), não me identifiquei como médico, até para não atrair "esmeraldites" sobre o atendimento de meu filho.
Qual não foi minha surpresa ao observar chocado o atendimento impessoal, desumano e inadequado.
Protestei de imediato, ainda sem me identificar, alegando que aquilo no mínimo era um diplante. O profissional insistiu em sua desídia. Apresentei então minha carteira do CRM, levando-me a presenciar mais absurdos.
- Mas você é médico? Por que não me avisou antes?
Congratulo-me então com todos os bons profissionais desta terra, na certeza de que o mal está disperso em todas as categorias e de que infelizmente, existem algumas excessões que contribuem para prejudicar à todos.
Abs
Barretto, agradecimentos recebidos. Fiquei impressionado com tua declaração, pois ela mostra uma faceta de duplo abuso na relação médico-paciente: de um lado, a confirmação do menosprezo; de outro, a confissão da falta, pela oferta de um tratamento privilegiado a alguém, por ser colega, não por ser um cidadão ou um ser humano. É aviltante!
Graças a Deus, temos profissionais como tu, que colocam a dignidade acima do corporativismo.
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