domingo, 14 de outubro de 2007

Não dá para entender

Do Repórter 70 de hoje:


Seca
Hoje, a Lei Seca vai ser cumprida pelo menos num dos quarteirões do entorno da Basílica, independente da ação dos fiscais da Secon e da Polícia. É o pedaço da avenida 14 de Março, entre as avenidas Nazaré e Gentil, onde está localizado um quartel do Exército. Representantes do poder público até que tentaram negociar pelo menos a venda de cerveja em lata no perímetro. A resposta foi um sonoro 'não' do comandante do quartel.


Último
A propósito, finalmente o apelo do arcebispo de Belém vai ter eco na festividade de sua própria Igreja. Este é o último dos círios em que a Paróquia de Nazaré permite a comercialização de bebidas alcoólicas no arraial. Em 2008, as barracas arrendadas no parque serão proibidas da prática ou terão outra destinação. Esse foi o acordo. Se vingar, em toda a Arquidiocese de Belém, só mesmo a Paróquia de São José de Queluz, em Canudos, ficará isolada na desobediência.
Que mundinho maluco este... Eis aqui alguns questionamentos a respeito das notas acima:

1. Que "Lei Seca" é essa? Desde quando é proibido comercializar bebidas alcoólicas no dia do Círio? Vale lembrar que a Constituição brasileira determina que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, em sentido estrito.

2. Ainda que tal lei exista, desde quando o comandante de um quartel do Exército tem (teria) competência para dar-lhe cumprimento? Para onde foi o princípio federativo? Restringir a liberdade das pessoas sem respaldo legal constitui abuso de autoridade — crime, por sinal. Quem esse sujeito pensa que é?

3. Ainda na premissa de que tal restrição pudesse ser imposta, porque apenas naquele perímetro? A lei não é igual para todos?

4. Quais foram os "representantes do poder público" que tentaram negociar a liberação da manguaça? E a modiquê fizeram isso? Que interesse possuem? Usaram suas funções públicas para negociar? Se o fizeram, não seria crime, também?

5. O mais estarrecedor: como pode a Igreja permitir a venda de bebidas alcoólicas dentro de sua própria área de influência direta, todos esses anos e até hoje? E se reconheceu que a ideia não era boa, decidindo acabar com ela, por que somente no ano que vem? A dignidade religiosa não prefere às urgências mundanas?

6. Se os comerciantes não podem vender nem sequer uma lata de cerveja, por que a paróquia pode?

Honestamente, há alguém muito doido, cínico e/ou abusado neste mundo. E não sou eu.

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