Tenho observado a imprensa noticiar, com o sarcasmo que a situação bem merece, os novos ramos de atividades econômicas que andam florescendo nesta esculhambada cidade. Dia desses, fiquei sabendo que a novidade no comércio são as manicures a céu aberto. Realmente, o sonho da minha vida sempre foi sair de casa, ir ao comércio e me deparar com as madamas de pé para cima, pintando as unhas, acertando as encravadas, lixando os calcanhares e soltando os restos de pele na sarjeta. Até imagino o pó de pele boiando na água, em meio a uma profusão de bolinhas de algodão sujo.
Hoje, a notícia dá conta do mercado promissor que é o serviço de guincho a pedido da CTBel. Fala-se que uma empresa do ramo consegue faturar cerca de 17 mil reais a cada 20 dias. Naturalmente, o negócio também é lucrativo para a própria CTBel, que arrecada com a taxa de permanência dos veículos no curral. E olha que essa é a cobrança republicana, pois os proprietários também estão sujeitos a misteriosas depenadas de seus veículos, se não tratarem de resolver a pendência no ato.
Que Estados Unidos, que nada! A terra das oportunidades é Belém do Pará! Você não precisa ter passaporte, só cara de pau. Nada de se expor a coiotes inescrupulosos: seja inescrupuloso você!
Nada de viver com medo de ser detido pelos funcionários da imigração: ostente pública e pundonorosamente a sua condição de safardana com muito orgulho, com muito amor!
Isso é Belém, isso é Pará, isso é Brasil!!
2 comentários:
Estou enganada de pensar que estas jogando a toalha, perdendo aquele otimismo que tinhas, na espera de um Brasil melhor?
Pelas tuas palavras deu para perceber que não esperas mais nenhuma reviravolta.
Este país não tem mais jeito.
Outra coisa que esperei de ti hoje, foi um post sobre a notícia do aumento da violência no nosso estado. Alguns meses atrás fizestes um comentário, que até aquele momento nada havia sido feito na segurança para melhorar aquela "sensação de insegurança" que o Dr. Almir falou, e agora já é notícia que houve um aumento de 64% nos assaltos, 15% em não lembro o que, e outros dados.
Estou sendo forçada a acreditar que o Dr. Almir tinha razão. Perante estes números, eramos felizes e não sabiamos.
Outro fato que me chamou atenção no jornal de hoje (O liberal) foi uma propaganda do sindicato dos flanelihas. Dizia para não estacionarmos em lugar que não tivesse os sindicalizados, para nossa maior segurança e com o destaque para fazermos valer o nosso direito. Será que o nosso direito não é estacionar onde for autorizado pelo órgão de transito sem termos que pagar por isto?
Quando me aposentar, criarei o Sindicato contra os flanelihas.
Um abraço,
Caríssima Ana Paula, que alegria te ter de volta, depois de um tempo silenciosa. Gosto muito de tuas ponderações.
Ainda não joguei a toalha. Creio ser de minha natureza ter alguma esperança pois, como diria Paulo de Tarso, não há nada pior para o homem do que perder a sua fé e prosseguir vivendo. Tem lógica. Podes ver a minha postagem alusiva ao aniversário de Eduardo Lauande, hoje, que acredito revela a minha persistência. A despeito disso, este país nos dá motivos diários para desesperançar, por isso não recrimino quem desiste.
Ainda escreverei sobre a situação da violência. O problema é que este mês, com o meu excesso de compromissos docentes, não tenho podido me dedicar ao blog como gostaria. E um assunto desses não pode ser tratado levianamente, ainda mais dada a minha condição de professor de Direito Penal. Uma besteira ou irreflexão que eu escreva me custaria caro, já que tenho um compromisso com a formação dos jovens.
Quanto aos flanelinhas, concordo sem restrições. Quando abrires o teu sindicato, podes me convidar para a inauguração.
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