Não farei comentários sobre o fato de o Recírio impor uma espécie de feriado na cidade. Não falarei sobre o fato de que, antigamente, a cidade parava até meio dia e, agora, oficializando-se a malandragem do brasileiro, o dia todo é de ócio. Aliás, o dia seguinte ao Círio também virou um feriado, sabe-se lá por qual razão, além do ócio, é claro. E não me venham dizer que é porque as pessoas estão rezando, que isso nem merece resposta. Sabemos a verdade.
Quando saí de casa ontem, por volta de 17h30, rumo ao local em que fiz minha palestra, achei excelentes as condições de tráfego. Desejei que todo dia pudesse ser como ontem. Três horas depois, voltando para casa, contudo, levei um susto: passei pela frente do Yamada Plaza e ele estava fechado. Jamais vira isso. O Yamada Plaza trancado e às escuras! Achei que o Armagedon se anunciava.
Segui meu caminho e passei pela Doca. Líder fechado. Mas quando vi o Iguatemi fechado, tive certeza de que a hora se aproximava.
Alheio que estava, não me recordava do dia do comerciário e do acordo coletivo que permite a essa sofrida categoria profissional descansar uma vez por ano. E só uma vez por ano. No restante, pauleira, exploração e mais valia. Todo dia agradeço a Deus por não precisar trabalhar no comércio. Nesta encarnação, escapei.
Curiosamente, porém, quando os poderosos cerram as suas portas, fico com uma sensação de desamparo. Moléstia da vida moderna. Eu realmente precisava comprar algumas coisas e me angustiou não poder fazê-lo, na única noite que tinha disponível até sexta-feira.
Interessante mesmo foi ver a consequência da indisponibilidade dos estabelecimentos: onde havia um carrinho de cachorro quente, havia aglomeração. Era impressionante ver. No McDonald's, estacionamento lotado, drive-thru congestionado e filas para comprar, que podiam ser vistas da rua, através das vidraças. Para piorar, era segunda-feira, dia em que muitos restaurantes normalmente não funcionam. Sem dúvida, os deliverys também bamburraram.
Sou muito solidário às pessoas que trabalham nos supermercados. Num mundo perfeito, haveria mais empregos e isso permitiria que cada funcionário trabalhasse menos horas. Infelizmente, não é o nosso mundo. E também infelizmente, mesmo com toda a minha solidariedade, preciso dizer: supermercados, não fechem!
4 comentários:
Yudice ,
Trabalhei por muitos anos em cia aérea , na área operacional o que me custou muitos natais e reveillons paletizando cargas para vôos a meia - noite.Lógico que não é a melhor situação do mundo vc ter folgas por exemplo numa segunda feira mas sendo rodízio vc acaba se adaptando portanto nunca entendí porque o comércio fecha nos finais de semana que é quando os consumidores podem sair com calma e comprar.Acho uma contradição que leis claras e gente escrupulosa as cumprindo poderiam certamente resolver a questão.
Abraços
Tadeu.
Espero que agora estejas alforriado, Tadeu. Algumas categorias são natural e inevitavelmente sacrificadas, como os aeroviários. Já viajei numa madrugada de 25 de dezembro. Horrível para quem viaja (mal dá para digerir a ceia), muito pior para quem precisa manter o sistema funcionando.
Hoje me solidarizo demais com os comerciários, porque trabalham de domingo a domingo, sem direito a feriados porque, hoje, tudo acaba numa negociação para que os estabelecimentos abram em feriados, dias santos ou o que seja. Por incrível que pareça, só a Copa do Mundo modifica isso, o que não deixa de ser uma outra lástima.
No final, tudo é o bom e velho capitalismo selvagem. Como eu disse, quanto mais empregos fossem concedidos, menos eu precisaria explorar os que já são funcionários. Mas aí o lucro...
É isso , o problema está nas duas pontas da ganância :empregadores e governo mas a minha idéia conjuga com a tua isto é mais gente empregada facilitando o rodízio , gente trabalhando em finais de semana intercalados recebendo 100% de extra que significa mais renda , mais consumo etc.
Estou alforriado há um tanto mas sinceramente tinha lá seus encantos sair meio estrangeiro em plena segunda-feira para tomar meu choppinho , ou pegar praia quase vazia etc.
Abraços
Tadeu
Quando se quer, Tadeu, tudo quase sempre acaba apresentando um lado bom. O importante é ter vivido bem essa fase da vida, inclusive para valorizar o que veio depois.
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