quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Juventude brasileira

Há dez anos, jovens de Brasília queimaram vivo um índio, supondo tratar-se de um mendigo.
Este ano, jovens cariocas espancaram uma doméstica e alegaram tê-la confundido com uma prostituta.
Há poucos dias, segundo noticia Hiroshi Bogéa em seu blog, um grupo de jovens que voava no trecho Brasília-Marabá decidiu, literalmente, fazer cocô nos assentos.
Agora, no Município de Colares, três jovens destruíram sepulturas e enfiaram as cruzes de cabeça para baixo, por todo o cemitério municipal. O motivo, segundo um deles explicou tranquilamente: "Foi a liga da cachaça".
O consumo de bebida alcoólica esteve associado, em alguma medida, a todos os episódios acima relatados. O que não surpreende, considerando o afluxo da garotada a bares e boates, onde a venda de bebida é liberada, se não houver fiscalização. Recentemente, li numa revista (lamento ter esquecido qual) o depoimento de uma paramédica da capital paulista, chocada com o aumento expressivo de atendimentos a jovens em coma alcoólico. Ela explicou que, entre os adolescentes, especialmente em festas de debutantes, há uma aposta para ver quem fica mais embriagado. Entrar em coma, para eles, é sinal de status. Lendo a notícia, não fiquei menos perplexo.
O que as famílias têm oferecido aos jovens neste país? E o que eles estão dispostos a oferecer a suas famílias e ao país?
A "cultura" do sou-jovem-e-mereço-cometer-todas-as-loucuras-para-mais-tarde-criar-juízo sempre me repugnou, inclusive quando adolescente. Agora, do alto dos meus 32 anos, olho esses fatos com enorme tristeza e uma boa dose de desesperança. Mas ainda desejo que, no mundo onde meus descendentes viverão, ainda haja a possibilidade de se estabelecer uma verdadeira cultura de bom senso, respeito e responsabilidade.

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