segunda-feira, 1 de outubro de 2007

O verdadeiro antigerundista

José Roberto Arruda é uma figuraça. Já foi Senador da República e, por ter-se envolvido na violação do painel eletrônico do Senado, quando da cassação do Senador Luís Estêvão, acabou renunciando em 24.5.2001, após chorar publicamente. O tempo passou e ele acabou eleito governador do Distrito Federal. Para fazer firula, foi a sua própria posse de táxi, a fim de mostrar que é gente como a gente.
Agora, ganha os noticiários mais uma vez, graças a uma nova gracinha em seu currículo. A fim de combater a ineficiência no serviço público — é o que ele diz —, decidiu proibir o uso do gerúndio. E não contente, usou a expressão, como se o gerúndio fosse um servidor público. É sério. Está no Diário Oficial:

"Fica demitido o Gerúndio de todos os órgãos do Governo do Distrito Federal."

Notaram a letra maiúscula?
A decisão tem o seu quê de folclórico e, claro, não agradou a todos, como mostra esta reportagem. E você, o que está achando disso?

4 comentários:

Frederico Guerreiro disse...

O gerundismo deve permanecer, nem que seja para que se possa distinguir quem é quem. Só pela linguagem já dá para saber o que rolou no cérebro de um indivíduo.
Tudo bem. Pode me chamar de preconceituoso sintático, mas certa vez um ator da Globo sapecou (conte a verborragia): "nós vamos (1) poder (2) estar (3) podendo (4) mostrar (5) acreditando (6) que o telespectador está (7) gostando (8)". É brabo ou não é? Vai querer competir? Eu não conseguiria tamanha façanha.
Quando ligam para minha casa e me dizem: "nós vamos estar disponibilizando", seja qualquer coisa que estejam, até dinheiro, eu não quero nem ouvir o resto, eu agradeço e 'tchau'! Nem escuto mais nada. É 'tchau' e 'puff' no gancho. Raios! Ligar para a minha casa para assassinar a minha queridíssima Língua Portuguesa para depois me empurrar algum produto ou serviço do qual eu não estou precisando...?
O problema do senador aí será arrancar esse sarcoma da linguagem rasteira universal.

Anônimo disse...

O gerundio, na administração pública é usado por quem está por fora das coisas e/ou, também, por aquele que está submetido às decisões superiores:
1- "Estamos analisando...."(é quem está por fora, e nunca vai ficar por dentro...);
2- "Estamos prevendo a possibilidade ...". "Está sendo feito...". "Avaliamos possivelmente que ficará aguardando a melhor hora..."(é quem não tem nenhum poder de decisão, mas se encontra na linha de frente, protegendo o chefe...);
Para acabar com o gerundio no serviço público, há que mudar tudo, dar um banho de gestão!
O Arruda, de Brasília, terá que abrir mão de toda uma cultura colonialista, para conseguir acabar com o gerundio, na sua administração. Vamos aguardar.
Vai ser difícil.

Anônimo disse...

Yudice,
Eu detesto o gerundismo. Quando ouço sou tocado por isntintos homicidas. Morte ao gerundismo!
Viva o gerúndio(da lingua portuguesa, é claro, não os do governador do DF)

Yúdice Andrade disse...

Fred, a professora mencionada na reportagem defende o gerúndio, mas em bases outras. Evidentemente, há casos em que ele é indispensável, por indicar uma situação em andamento. O que não se pode tolerar é o gerundismo, excesso que não cumpre qualquer finalidade comunicativa. De fato, a banalização permite tirar conclusões sobre o nível de desenvolvimento lingüístico do gerundista.

Anônimo, muito interessante sua análise. Prestarei atenção, para ver se identifico os porforizados e os capachos.

Waldir, matar o gerundismo, felizmente, não é crime. A Wirna pode confirmar.