sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Renitentes

Na época em que cursei o ensino médio e convênio, quando o vestibular ainda era dividido por áreas, havia uma piadinha corrente de que quem era bom em Matemática e Física fazia CE; quem era bom em Química, fazia CB; quem não era bom em nada, fazia CH. Despeito, claro. Às vezes, dávamos o troco dizendo que alunos de CE eram inaptos para a Língua Portuguesa — maldade que, convenhamos, tem lá seu fundo de verdade. Seja como for, criou-se no imaginário coletivo uma ideia de incompatibilidade entre o universo do Direito e a Matemática.
Hoje, estou convencido de que as pessoas não gostam de Matemática porque seus professores não conseguiram mostrar como essa ciência faz parte de nossas vidas, como algo bem cotidiano. Eu me reconheço como vítima disso. Por oportuno, destaco o seriado Numb3rs, no qual existe um professor com uma técnica bem fascinante de explicar aos leigos os padrões matemáticos. A par disso, já entendi que a ciência exata não é assim tão exata e que pouca coisa irrita tanto os matemáticos quanto dizer que a Matemática não dá margem a subjetividades, porque é exata.
Hoje, professor de Direito Penal, preciso explicar a meus alunos aspectos que envolvem cálculos: aplicação da pena, prgressão de regime, livramento condicional e prescrição. Eles enlouquecem. Repetem a todo momento que fizeram Direito para escapar da Matemática. Dizem que já são obrigados a aprender os cálculos trabalhistas.
Não consigo entender como uma pessoa pode ser tão obtusa em aprender. Aprender só traz benefícios. Saber fazer as coisas autonomamente, sem consultar tabelas ou precisar de terceiros, para mim, é uma situação ideal.
Percebo que muitos de meus alunos me aplaudiriam se eu mudasse de ideia e simplesmente desistisse de lhe impor os tais cálculos. Não saber não lhes faria falta. Eximir-se do risco de errar na prova parece ser prioridade. Lamento profundamente, porque isso implica em conformar-se com menos, conformar-se com o não saber e nivelar por baixo.
Estou sendo exigente demais em querer que meus alunos queiram aprender, queiram ir além e saber mais do que o Direito?

4 comentários:

Ivan Daniel disse...

Tá não, Yúdice. Pode e deve exigir sim! Não sou um exemplo de aluno em Penal, reconheço, mas acho que o Prof. Alexandre não tem muito o que reclamar de mim.
rsrsrsrsrs...

Anônimo disse...

Tem novidade-bomba no meu blog, passe lá!

Abraços,

COISAS DE BELÉM

Anônimo disse...

Não Yúdice, a sociedade te agradece por formar bons advogados e mesmo os seus alunos virão a entender disso um dia, quando esses conhecimentos lhes forem exigidos.

Yúdice Andrade disse...

Meus queridos, obrigado pelas palavras de apoio. É bom lê-las nestas horas já cansadas da noite. Permitem que eu recupere a noção de por que faço isso. Obrigado mesmo.