Vou lutar até o fim. Você não imagina o que é ver um filho do jeito que eu vi o meu. Pensei que estava morto.
Foram mais ou menos estas as palavras da mãe do Lucas para a minha, que foi visitá-lo no hospital ontem (indicando que ele já foi transferido para um apartamento). Ela se referia às providências legais que o caso requer. Foi instaurado um inquérito policial para apurar os fatos e a família está ciente de que precisa marcar firme em cima, para que corporativismos e influências de toda ordem não inviabilizem as investigações. Todo cuidado é pouco.
Surgiu mais uma testemunha do insólito atropelamento, uma amiga da vítima, que mora em um edifício próximo. De sua janela, ela presenciou o sinistro e confirmou o que outras pessoas já haviam dito: Lucas foi atropelado na rua e arrastado para junto de uma mangueira, onde estava quando tiraram uma fotografia que saiu publicada num jornal. Arrastar a pessoa que acabei de atropelar? Mexer em sua mochila, procurando sabe-se lá o quê, em vez de me apressar em conseguir socorro?
Tenho cá as minhas hipóteses. Mas como sou advogado e não apresentador de programas policiais, por ora as guardarei comigo. Até segunda ordem.
No mais, Lucas vai se recuperando, devagar. Até aqui, as perspectivas são animadoras. Disse o médico, inclusive, que a mãe do rapaz deveria acreditar em milagres, pois a isso ele atribuiu o fato de o "coágulo"* cerebral ter sumido praticamente de um dia para o outro, permitindo que o paciente deixasse a UTI. Ele, contudo, está muito machucado — escoriações por todo o corpo, um dos joelhos em carne viva, mandíbula fraturada, dentes quebrados e fora de posição.
Para consertar os dentes, precisará antes corrigir os ossos da face. Para sofrer esta cirurgia, contudo, precisa antes melhorar o estado geral e expelir o sangue que engoliu após o atropelamento, acumulado em parte nos pulmões. Ele engoliu bastante sangue. Seria por que o socorro demorou?
* A palavra "coágulo" me foi dita. Na caixinha de comentários, nosso consultor para assuntos de Medicina Intensiva corrige o termo e explica as implicações. Graças a eles, alguns ajustes foram feitos no texto.
5 comentários:
yudice, amigo, a policia procurava na bolsa da vitima , a solução dos seus problemas(policia), infelizmente para eles, essa solução não foi encontrada, pode ter certreza que eles procurarão outras. O socorro da vitma no entendimento deles esta diretamente ligado a uma serie de problemas para eles (policiais), eu acho que nesse caso vale a música do grande Bezerra da Silva:
_ Você com o revolver na mão e um bicho feroz , feroz, sem ele anda rebolando, até muda de voz.....
Nossa...
não li as outras notícias ainda. Mas só por essa, dá pra perceber que foi sério mesmo. É um transtorno que dinheiro nenhum paga, pena nenhuma compensa. E o pior de tudo, como o senhor disse, tem de ficar encima mesmo. Senão, já viu!
;)
Yúdice
Pelos relatos que vc mesmo fez, Lucas não regrediu um coágulo. Mas sim um edema cerebral. É muito diferente.
Coágulo é coágulo. Edema cerebral, é edema cerebral. Tudo é muito diferente.
O sangue que ele deve estar espelindo, possivelmente deve ser originado das fraturas e lesões de boca, mandíbula, etc.
Jamais dos pulmões, quando então seria um quadro clínico gravíssimo de contusão pulmonar, com severa insuficiência respiratória. Ele estaria entubado e em uso de ventilação mecânica, jamais num quarto de hospital.
Nem todo sangue que sai pela boca vem dos pulmões.
Possivelmente, deverá se submeter a plástica reparadora de fratura de mandíbula, assim que suas condições clínicas propiciarem o ato cirúrgico.
Abs
Como já disse, Sérgio, há especulações graves que, por ora, melhor não mencionar, mas que dariam inteira razão ao teu comentário. Seja como for, concordo contigo.
Então lê as postagens mais antigas para entender o caso, CT. É sério não apenas pelos aspectos de saúde.
Barretto, meu amigo, perdão pelos deslizes. Todavia, o termo "coágulo" foi usado pela mãe do Lucas quando conversou com a minha. Uma das duas não soube expressar-se e eu apenas reproduzi o que escutei, sem condições de saber que errava.
Quanto ao sangue nos pulmões, segundo nos disseram, realmente foi sangue engolido após o atropelamento e que teria chegado aos pulmões.
A cirurgia plástica será feita quando esse problema pulmonar for debelado, estando ainda na dependência da chegada de um material utilizado hoje em dia, em substituição à platina, que pelo visto não se usa mais. Não me informaram o nome do material.
Grato pela permanente consultoria. Adoro aprender essas coisas.
Compreendo a situação. Trata-se de uma mãe aflita, que por isso mesmo, merece a informação correta, de maneira a não ampliar-lhe a angústia.
Devemos fazer a diferença entre "engolir" e "aspirar". O primeiro ato, o caminho é através do esôfago. No segundo, há um desvio para a traquéia e os brônquios. Em cada um destes casos, há consequências diferentes. Mas em ambos, o conteúdo pode ser expelido pela boca. No primeiro caso, obrigatoriamente através de tosse. No segundo, através de vômitos e/ou refluxo com regurgitação. E, num terceiro caso, restos sanguíneos das lesões da cavidade oral (sem relação com esôfago ou ou pulmões), produzidos LOCALMENTE, podem ser simploriamente cuspidas pelo paciente, na medida em que são produzidas LOCALMENTE.
Com a alteração no nível de consciência (que só parece ter ocorrido no início), pode sim acontecer que estes pacientes engulam ou aspirem este conteúdo produzido localmente na boca, de maneira involuntária.
No primeiro caso, sem maiores consequências. Já no segundo, uma pneumonia aspirativa pode acontecer como complicação tardia. Mas que responde com o uso adequado de antibióticos.
Possivelmente, o que Lucas deve ter feito, é um pneumonia aspirativa, em consequência das lesões da região buco-maxilo-facial.
Mas que se deixe claro a mãe angustiada que não tema este momento.
A partir de agora, as coisas gradualmente vão se ajeitando.
Mas Lucas, infelizmente, vai enfrentar um tratamento prolongado em função especificamente das lesões buco-maxilo-faciais, que vão exigir-lhe alguma valentia.
E de todos à sua volta.
Abs
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