quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Medidas extremas

O leitor Paulo Santos encaminhou ao Diário do Pará carta que foi publicada no "Espaço do leitor" de hoje, que acredito valer a pena transcrever (rigiorosamente conforme o original):

A atitude do motorista da ambulância da Prefeitura de Santa Luzia do Pará, José Wellington Alexandrino, foi de heroísmo. Na tentativa de salvar uma vida, ele agiu de forma correta dando sua própria liberdade para salvar uma vida inocente, um bebê de apenas 22 dias de nascido que corria risco de morte. Depois de percorrer os prontos-socorros de Belém, o motorista da ambulância sentiu de perto o sofrimento da família do bebê ao ser rejeitado pela Santa Casa de Misericórdia do Pará. Ele, o jovem José (motorista), por sua própria iniciativa, resolveu atravessar seu veículo no meio da rua interditando o tráfego e chamando a atenção de todos. O caráter, a dignidade e acima de tudo a coragem desse rapaz, salvou a vida do bebê que precisava urgentemente de socorro. A atitude desse rapaz contou com a solidariedade da população de Belém. Essa cena deveria ser divulgada em rede nacional pela mídia, pois num mundo cruel e violento, ainda há pessoas de bom senso, de bom coração. A prefeitura deveria reajustar o salário desse motorista, e jamais pensar em demiti-lo por sua atitude honrosa. O motorista apenas fez cumprir por conta própria a nossa Constituição Federal e o nosso Código Civil, o qual diz que todos têm direito à vida, com dignidade, saúde e proteção do Estado, coisas que as nossas autoridades não cumprem. Parabéns a esse rapaz. Se eu fosse o prefeito de Santa Luzia do Pará, certamente iria condecorá-lo por seu ato de bravura e, jamais, pensar em demiti-lo."

Confesso não ter tomado conhecimento do caso senão agora. Não se pode negar que tenha o motorista agido em estado de necessidade, na defesa de uma vida. Antes do bloqueio, o rapaz, de 26 anos, tentara entrar no hospital com a criança no colo, na raça, porém fora impedido. O jeito foi bloquear a Bernal do Couto, subir no teto da ambulância e gritar por socorro.
O jogo de empurra entre as casas de saúde tem custado, de fato, muitas vidas que poderiam ser salvas.
Muito melhor do que o poder público é o cidadão comprometido. Gostei desse cara.
Aumentar o salário não é possível, pelas implicações legais, mas um reconhecimento público, uma medalha ou algo assim, bem que seria justo, não, prefeito?

5 comentários:

Alan Wantuir disse...

Caro professor, essas atitudes deveriam ser regras e não exceções, talvez vivessemos em um mundo melhor!!!!

Yúdice Andrade disse...

Viveríamos num mundo melhor, decerto, Alan. Mas bom mesmo seria se vivêssemos num mundo em que essas atitudes sequer fossem necessárias.

Ana Miranda disse...

E olha que está se falando de vida.
Vida de um serzinho que sequer completou 30 dias.
Quanto vale a vida de uma pessoa carente????

Anônimo disse...

Deves ter ouvido o comentário do diretor da Santa Casa sobre este fato e o que ele achou da atitude do motorista passa longe do que pensamos. Eu já escrevi aqui há algum um tempo que se eu tiver que socorrer alguém e o hospital recusar, não tenho dúvidas que farei um escândalo.

Yúdice Andrade disse...

Qualquer vida vale muito mais do que o descalabro que temos enfrentado por aqui, Ana. As perdas humanas são diárias. Será que precisamos ter gente nos tetos de ambulâncias todo santo dia?

Das 16h15, confesso que li uma única notícia sobre este caso. Não sei o que disse o diretor da Santa Casa e temo saber. Quanto a passar por algo assim, suponho que eu também tomaria uma medida extrema. Que jeito?