sábado, 12 de dezembro de 2009

Terras de Irituia (parte 2)

A região onde Irituia se situa se defende como pode, no quesito economia, lutando contra todas as dificuldades geradas pela falta de investimentos governamentais, mesmo em se tratando de nordeste paraense, próxima demais da capital, que segundo os separatistas é o único foco de interesse dos governantes. Os habitantes dependem da agricultura e da criação de animais, mas nada que vá além da subsistência e da módica comercialização desses gêneros. Resta, ainda, o comércio e a prestação e serviços. Com isso, são muito baixos os níveis econômicos e sociais da cidade.
Cientes da vocação agrícola da região, há mais ou menos uma década técnicos da EMBRAPA passaram por lá, orientando os agricultores a experimentar novas lavouras. Apresentaram, então, sementes de uma espécie que ninguém conhecia, alegando que seria de fácil cultivo e que poderia proporcionar um bom retorno financeiro. Tratava-se do nin (ou nim) indiano (Azadirachta indica) que, segundo me informaram, tem um sem número de usos medicinais (achei até algo exagerada a quantidade de benefícios), além de aplicações cosméticas, fungicidas, inseticidas e nematicidas. Por essa elevada capacidade de combate às pragas das lavouras, pode ser empregado inclusive na chamada agricultura orgânica. Afinal, é o extrato das folhas, o óleo ou o pó que afasta as pragas. Também é usado na pecuária, livrando o gado de pulgões, gafanhotos, cigarrinhas, carrapatos e moscas de chifre.
O nin se aclimatou maravilhosamente bem na região e, hoje, muitos pequenos produtores investem nele, como o pai de nossa anfitriã.
Esta bela imagem mostra a plantação de nin, com árvores adultas e um bom volume de produção. As sementes são recolhidas e vendidas para a AIMEX (Associação das Indústrias Exportadoras de Madeiras do Estado do Pará) por 50 reais o quilo. Bom, não?
Nesta segunda imagem, destaquei o cuidado do produtor em combinar as lavouras. Você vê a pimenta-do-reino crescendo sob a sombra do nin, racionalizando e diversificando o uso da terra e favorecendo melhores ganhos.
Nas duas fotografias finais, vemos a primeira etapa da floração do nin. Não havia frutos no dia de nossa visita. Estas pequenas bagas verdes não são as sementes. Infelizmente, porque eu teria recolhido um quilo fácil!

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