sábado, 12 de dezembro de 2009

Terras de Irituia (parte 3)

Ao final do primeiro dia, eu caminhava com meu amigo por uma estradinha na propriedade do sogro dele. Ele me explicava o lado obscuro da atividade agrícola na região. Não poderiam faltar, é claro, as tensões fundiárias.
Deu-se que um sujeito aparentemente saído de um filme de terror porque, em decorrência de um acidente de carro, perdera as duas pernas e os dois braços, mas não a cobiça comprou umas terras por lá, mas foi enganado pelo vendedor. Ao tomar posse da propriedade, descobriu que o finório vendera terras fictícias, pois as reais eram menores. Disseram-me que isso é extremamente fácil, pois basta você chegar no INCRA e informar, de boca, que é dono de x hectares e eles emitem documento comprobatório dessa situação. Daí a enorme quantidade de títulos de terra em duplicidade e uma confusão quanto a limites.
O fato é que, quando o coronel se viu logrado, encontrou uma solução muito simples: invadir as terras alheias, de proprietários locais há muitos anos instalados, até chegar ao tamanho que havia comprado. Isto é que se pode chamar de externalização de custos. Ou esbulho, num português mais correto.
O clima ficou tenso e houve algumas reuniões para tentar resolver o problema. Nessas reuniões, os produtores trataram com a esposa do sinistro personagem, o qual, por suas limitações físicas, não saiu de dentro de um carro preto, claro, para manter o clichê. Até o momento, a situação permanece pendente.
Enquanto escutava essa história lamentável, fiz mais dois registros fotográficos: a nossa direita, o sol se punha...
...e à esquerda, a lua já se mostrava no céu.
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Um comentário:

Anônimo disse...

Estas fotos me trazem paz.

Alexandre