quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Marrentos e vazios

Tem alguma coisa mais patética e irritante do que Lula viver repetindo que a oposição ao seu governo e tudo mais que se reclama neste país é uma estratégia das elites?
Tem, sim. No movimento separatista, divisionista ou emancipacionista, como queiram chamar, que pretende criar os Estados do Tapajós e de Carajás, o samba de uma nota só atende pela visão a partir de Belém. Agora tudo se explica pelo fato de que os políticos, empresários e, claro, os habitantes da região metropolitana e nordeste no Pará enxergam tudo sob a perspectiva da capital. A idiotice é tanta que, outro dia, num blog de Santarém, julguei oportuno intervir quando um sujeito nos acusou de não sabermos sequer os nomes dos peixes típicos. Ou seja, a moda agora é essa: se você nasceu ou vive em Belém, é burro, cretino, sem visão de mundo. E não para por aí: você é egoísta, explorador, safado.
Tenho me mantido silente quanto ao tema da divisão do Pará por não me sentir informado o bastante para emitir opiniões — e não estamos mais no nível do simples eu-quero, eu-não-quero. Apesar de que 99,9% das pessoas que se manifestam, de ambos os lados, limitam-se exatamente a externar uma preferência, sem qualquer embasamento. Graças a isso, todo santo dia, navegando pelos blogs, tenho que ser ofendido por cada suspiro que dou, devido a minha origem. Façam-me um favor!
A última que eu podia esperar era que, vivendo numa cidade esculhambada como Belém, agora eu virei elite. E elite burra!
Continuarei silente sobre o mérito da divisão do Estado. Mas registro aqui minha indignação contra essa gente que, desinformada e preguiçosa de informar-se, encontra na ofensa o único refúgio para os seus anseios. Convenhamos, como pode uma causa, por mais justa que seja, ter sucesso com partidários desse naipe?

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