O governo Lula não gosta muito de se indispor com as pessoas (prefere se indispor com o povo, para não melindrar os amigos próximos), mas desta vez vai irritar muita gente ao anunciar publicamente que se opõe ao "trem da alegria", por meio do qual se pretende estabilizar, no serviço público, os servidores temporários. Afinal, são milhares e milhares de pessoas, em todo o país, perenizados em atividades declaradamente temporárias, graças a manobras de políticos interessadíssimos no bem estar dessas famílias.
Você acredita nisso? Então dê um beijo no coelhinho da Páscoa quando se encontrar com ele da próxima vez, porque o grande interesse desses politiqueiros sempre foi lucrar nas eleições: o candidato proclamado "defensor dos temporários" se beneficia do desespero dessas pessoas para se reeleger.
O governo federal está com um discurso técnico: o ingresso no serviço público deve se dar através de concurso e não de manobras, ainda que respaldadas em lei. Desta vez, concordo com o governo.
A outra boa notícia é que Fernando Collor vai se licenciar do Senado, inicialmente por quatro meses, podendo prorrogar a licença. É pena que ele pretenda voltar, mas o suplente é seu primo, então fica tudo em família. Interessante é o motivo do afastamento. Não é nenhuma investigação por crime comum ou de responsabilidade. O que Collor deseja é sair pelo país afora conscientizando a população acerca do parlamentarismo, que deseja ver implantado no país.
Em 1993, no plebiscito, votei no parlamentarismo que eu, honestamente, considero superior ao presidencialismo. Só não tenho certeza se o modelo se adequaria ao Brasil, pois o parlamentarismo exige um nível de organização e controle que a bandalha nacional rejeitará.
PS — O bem informado Val-André Mutran, porém, conta uma versão bem diferente sobre os motivos pelos quais Collor está fazendo as malas. Como sempre, só temos a lamentar.
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