segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Maus tratos a animais

Muita gente deve pensar que as autoridades têm coisa mais importante com que se ocupar. Certamente têm, mas nem por isso o problema deixa de ser, também, importante. Refiro-me à venda de animais ao longo da Presidente Vargas, principalmente no quarteirão entre a Riachuelo e a Aristides Lobo.
Antigamente, vendia-se de tudo por ali: araras, papagaios e outros animais silvestres que, hoje, têm a comercialização proibida. A Lei de Crimes Ambientais (Lei n. 9.605, de 1998) inclusive criminaliza tal conduta. Evidentemente, a comercialização não acabou, mas agora é de fato clandestina. Face a isso, o que se vê exposto na Presidente Vargas, hoje, são animais de venda permitida, principalmente cães.
Tenho vistos filhotes minúsculos expostos. Pequenos o suficiente para que se torne evidente que não têm idade para o desmame, muito menos para o estresse de passar o dia submetidos ao barulho, à sujeira e aos toques de meio mundo. Evidentemente, quem os vende não gasta dinheiro com vermifugação e vacinação, de modo que os bichinhos se tornam atrativos para todo tipo de doença. Daí concluo que a venda desses cães, nas condições adversas que vemos, representa:

1) maus tratos contra animais, pois em tenra idade são privados de cuidados indispensáveis ao seu bom desenvolvimento (principalmente a amamentação), além de ficarem à mercê de ações humanas nocivas;

2) problema de saúde pública, pois os animais doentes podem se tornar transmissores de variadas zoonoses e, até onde sei, inexistem programas públicos destinados a prevenir (fora a raiva) ou a tratar essas doenças, expondo a perigo a saúde humana;

3) ameaça ao consumidor, pois os compradores desses animais em geral são pessoas de menor nível de instrução ou ao menos mais sugestionáveis, que podem adquiri-los com doenças já instaladas porém não aparentes, com riscos de morte. Aposto que se essas moléstias aparecerem, muitos não pensarão em gastar com os bichos, preferindo abandoná-los pelas ruas, aumentando os problemas antes mencionados.

Cabe ainda um questionamento final: e quando esses animais crescem ser que ninguém os compre? Quanto maiores forem, menos interessados aparecerão. O que é feito deles? São abandonados? Mortos?
Acredito que o Centro de Zoonoses da Prefeitura de Belém, auxiliado p. ex. pela Associação dos Amigos dos Animais e pela Sociedade Protetora dos Animais (se é que ainda existe), poderia olhar com mais carinho e eficiência para esse problema que não me parece nem um pouco pequeno.

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