Vamos acabar com esse negócio de "o assalto deve ter sido planejado". É óbvio que foi! Alguém supõe que um grupo de assaltantes vai invadir um shopping center no centro da cidade, em horário considerado de pico, para ver o que dá para fazer? Logicamente, eles já sabiam o dia e hora em que ocorreria o transporte do malote. Que os agentes da empresa de valores seguem pela escada de emergência qualquer um sabe. Já topei com eles várias vezes (por sinal, tenho que me lembrar de, doravante, desviar caminho sempre que os vir). Finalmente, só sendo muito leso para achar que os assaltantes não estavam guarnecidos por outros comparsas, cuja função era dar-lhes fuga.
A ação no Iguatemi, ontem à noite, foi audaciosa. Pode não ter sido inteligente ou bem executada, mas foi audaciosa. Exigia planejamento, até porque os criminosos tinham que chegar antes dos transportadores do dinheiro e não podiam ingressar no shopping com as caras descobertas. Eles precisaram se expor e ninguém se expõe à toa. Não me surpreenderia se fossem delinquentes de outros Estados.
Felizmente, à exceção de um dos seguranças (e de um EcoSport novinho), ninguém mais se feriu. Graças a Deus. Mas as consequências poderiam ter sido cariocas. Apesar da escalada absurda da violência em Belém, nos últimos anos, o cidadão comum ainda não espera ver um tiroteio dentro do shopping, local onde ainda nos sentimentos relativamente seguros. Protegemo-nos de furtadores, os chamados "descuidistas", mas não de tiroteios, homicídios, explosões ou terrorismo. Não sabemos lidar com isso.
Espero que a lição tenha sido aprendida: quadrilhas armadas entram em shoppings, se quiserem. Portanto, façam o favor, administradores de Iguatemi, Castanheira e outros menores, de tomar todas as medidas necessárias para garantir a segurança de seu público e de seus funcionários. Isso é muito mais importante do que manter "todas as lojas abertas e em pleno funcionamento".
Isto é o que interessa a vocês. A nós, interessa a nossa vida e segurança.
4 comentários:
Está mais do que na hora de o Governo do Estado dizer a que veio. É preciso agir. A violência em Belém cresceu muito nos dois últimos meses e não temos mais segurança em lugar algum.
Raramente vejo a PM nas ruas em rondas preventivas, à exceção da avenida Braz de Aguiar - onde a Albat provavelmente paga para ter a presença policial ali. Por sinal, caso se confirme minha suposição, isso não é ilegal?
E mais do polícia nas ruas, é preciso investir na Educação Pública de qualidade. Acho um absurdo aquele imenso casarão na Almirante Barroso (onde funcionou o asilo Dom Macedo Costa) abrigar as instalações da Escola de Governo, uma instituição fajuta e sem nenhuma utilidade. Ali deveria, isto sim, funcionar uma Escola Estadual de alta qualidade, a exemplo do que foi o Paes de Carvalho décadas atrás.
Também é preciso investir nos municípios do interior, para que as pessoas que moram longe da capital tenham perspectiva e qualidade de vida. Isso vai evitar a criação de novos bolsões de pobreza na Região Metropolitana de Belém, que são verdadeiras escolas do crime.
Outra saída, esta a longo prazo, é uma política séria de Planejamento Familiar. Pais e mães ignorantes e sem as mínimas condições de cuidar nem de si próprios ficam botando filho no mundo que nem coelho. Adivinha o que uma criança com essa origem vai ser quando crescer?
Enfim, é preciso tratar o tema sem hipocrisia e com muita seriedade. Eu pago impostos absurdos pra isso. E não quero ser a próxima vítima.
Tom Chaplin
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=36943011
Caro Tom Chaplin, inicialmente meus agradecimentos pela visita ao blog e pela iniciativa de deixar um comentário. No geral, concordo com você. Também pago impostos absurdos e estou cansado de hipocrisia e insegurança. Também acho que devemos enfrentar o problema seriamente. Só gostaria de levantar os seguintes senões ao quanto você sustentou:
1 - Não sei se a violência cresceu muito nos últimos dois meses. Os dados oficiais indicam redução em relação ao ano passado mas, tudo bem, pode ter havido manipulação, seja do governo ou da polícia, seja da imprensa, que tem noticiado a respeito. Acompanhando as páginas policiais, contudo, acredito que tenha havido uma pequeniníssima redução de crimes, que pode ser mero reflexo da chegada de um novo governo. Sem ações concretas, os bandidos relaxam e voltar a atacar. Portanto, concordo que não estamos seguros em canto algum.
2 - Quanto à polícia na rua, discordo. Trafego muito pela cidade e vejo mais viaturas agora do que anteriormente, embora certamente em quantidade insuficiente e concentrada nos bairros centrais, deixando desguarnecido quem mais precisa. 3 - A Escola de Governo não é fajuta nem inútil. Constitui uma instituição destinada a capacitar pessoal para o exercício de funções públicas e isso é essencial. Se ela tem cumprido sua meta, é outra história, que não discuto por desconhecimento, mas a idéia em si não pode ser considerada ruim. Usar o espaço para fazer funcionar uma escola comum é um reducionismo: o Estado tem que assegurar o funcionamento de escolas comuns e quantidade suficiente à demanda e da Escola de Governo.
4 - Quanto ao mais, no geral concordo, lembrando apenas que isso exigiria ações de médio e longo prazos, de responsabilidade conjunta de Municípios, Estados e União.
Um abraço e volte sempre.
Daqui a pouco a governadora vai ter falar como o Almir, o que sentimos é apenas uma sensação de insegurança, pois até agora ela não fez nada para melhorar este setor.
Quanto a escola do governo, acho como dissestes deverá promover a capacitação e atualização dos servidores, e não curso de dança, inclusive sendo o mais procurado pelos mesmos.
Assim como o curso de dança, também acho um absurdo existir uma quadra de tenis dentro da Setran, para apenas os chefões jogarem, pois os funcionários em sua grande maioria, são muito mau remunerados para terem acesso ao material necessário para prática do esporte.
Resumindo, até o momento, estou achando este governo um fiasco.
Olá, Ana Paula, mais uma vez me dando o prazer de sua presença.
Folgo em saber que a idéia de capacitação de servidores lhe pareceu convincente. Mas faria ainda mais uma concessão: o curso de dança também não é um mal em si mesmo.
Veja bem: em países como o Japão, o trabalho em estilo linha de produção vem sendo gradativamente substituído por uma feição mais humanizada. Hoje, existem locais em que os funcionários podem dormir, jogar e praticar outras atividades, tais como socar um saco de boxe com a cara do chefe desenhada (não é brincadeira, é isso mesmo). Portanto, cursos de atividades não ligadas ao trabalho são bem vindos, para fins de valorização da pessoa do servidor.
Nem todo mundo compreende isso, ainda mais quando o curso mais procurado, aqui, é justamente o de dança. Entendo a irresignação, mas ainda não considero esse um problema condenável da Escola do Governo. Você, por acaso, é contra eventos como o Servifest? Eu não sou.
Abraço.
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