Quando o governo do Estado divulgou a imagem do elevado da Júlio César com Pedro Álvares Cabral, foi mais quem viu aquela enorme estrutura e duvidou de que sairia do papel. O fato é que o canteiro de obras está lá e ele realmente impressiona pelas dimensões. Mas o que me motiva a esta postagem é uma particularidade que vem me incomodando desde que comecei a ver as filas de caminhões trazendo aterro.
Neste exato momento, há caminhões abarrotados de terra, no leito da Pedro Álvares Cabral, esperando para entrar no canteiro de obras. Há alguns lá dentro. Por baixo, uns 30. Já existe aterro por toda parte, servindo de base para a construção das quatro pétalas do trevo e do acesso ao elevado. Existem montes de terra, já depositados, aguardando utilização. É a mesma técnica empregada há três décadas, para a construção do viaduto do Coqueiro. Contudo, eu pessoalmente nunca vira nada assim.
A questão é: de onde vem tanta terra? É inevitável pensar na finitude dos recursos naturais. Esse material se origina em algum lugar aqui próximo, onde está ficando apenas uma cratera. Naturalmente que me refiro a todas as obras que se utilizam do produto, o que enseja um mercado onde, é óbvio, os interesses ambientais são a última coisa em que se pensa.
A extração dessa terra foi objeto de licenciamento ambiental?
Alguém tem alguma ideia dos danos que podem ser causados pela atividade?
Há algum tipo de fiscalização, para impedir que qualquer um chegue no local, leve terra e lucre com isso, sem cerimônias?
O governo se preocupa com isso por ocasião das licitações?
Perguntas cujas respostas pululam sobre a língua, mas que não devem reinar no plano da especulação. Por isso, se alguém tiver conhecimento específico sobre esse tipo de atividade, agradeceria se nos falasse um pouco a respeito.
5 comentários:
Yúdice, morei por dois anos no Conjunto Ariri, na Estrada do 40 Horas, onde verifiquei a destruição causada pelas empresas de aterro. O conjunto fica encravado no meio de várias crateras, os chamados "covões", que o povo chama de "Curvão", abertas por essas empresas que, penso eu, nada têm de legal. Não somente lá, mas em outras áreas da cidade, há essas crateras. Há, próximo ao conjunto, uma rica floresta secundária, onde se podem ver macacos-de-cheiro, tucanos, pica-paus, esquilos e até falcões peregrinos, vindos do hemisfério norte, que podemos observar ao final da tarde e começo da manhã, caçando pássaros e morcegos. Pois essa beleza toda foi rasgada pelas máquinas, até alcançar os primeiros lençõis de água. Quando essas crateras são invadidas pela água, eles as abandonam e partem para outros lugares. Tempos depois, as crateras viraram invasões. Tem até a invasão do "Parque Atlântico", já na beira do igarapé, além de outras quatro ou cinco. Excursionando por esses lugares, verifiquei algo já esperado: os esgotos da invasão convergem para o fundo das crateras, atingindo mais rapidamente as águas subterrâneas, fonte da água consumida por 99% dos moradores da área. Olhar os verdadeiros lagos, no fundo das crateras, é algo belo e trágico, pois, ao mesmo tempo que vemos o mergulho do martim - pescador e da ariramba, em busca dos peixes que ainda restam ali, um colar de lixo flutuante vai se formando ao longo das bordas.
Ao me mudar, tive a certeza de que o problema se agravaria. E na edição de hoje, O Liberal fala de um conjunto habitacional no 40 Horas cujos poços estão contaminados pelo despejo de lixo.
O que esperar para o futuro?
Yúdice, veja lá no meu, de onde sai o aterro.
Esta tua postagem é de uma coincidência incrível, ou melhor, tivemos a mesma dúvida.
Veja lá!
Virou postagem própria, meus amigos.
Também achei estranho o aterro ao invés do concreto! Será o custo? Ou Será que o percentual do licitante abocanhou o lucro da construtora!?
Parabéns pela denúncia. Vou repercutir no meu blog. Não é possível que se destrua o rio Uriboca e o parque ambiental e ninguém faça algo. Beijos a todos e bom feriado.
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