quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Você conhece Belém? — Resposta do teste 1

Duas horas e dez minutos. Este foi o tempo que o nosso caríssimo Fernando Sampaio, ou simplesmente Tanto, levou para desvendar o primeiro desafio lançado aqui no blog (duas postagens abaixo desta), ainda que parcialmente. Eu perguntei o que era e onde estava localizado o objeto cujo detalhe era este:
Com efeito, Fernando informou a localização correta, fazendo inclusive referência ao prédio da Receita Federal. O endereço preciso seria Av. Presidente Vargas, esquina com a Rua Gaspar Viana, no bairro da Campina. Eis aqui a visão completa do nosso primeiro objeto:
Uma visão diagonal, que mostra o mesmo rosto repetido em cada uma das quatro faces do obelisco.
Aqui, a visão frontal de uma das faces, que nos permite ler a explicação sobre o significado do monumento:
Nova rampa construída na administração do Exmo. Sr. Dr. A. Martins Pinheiro
1916

Obeliscos são monumentos de formato quadrangular e alongado, que se estreitam até terminar em um cume piramidal, o que remete a sua origem: o Egito antigo. Destinam-se a comemorar algum evento, que no nosso caso foi a construção de uma rampa. Coisa de político de Sucupira: coloca um prego numa porção de manteiga e manda erigir um monumento por isso, em sua própria honra! Não mudamos muito de 1916 para cá.
A tal rampa nem existe mais, substituída que foi por asfalto e calçadas. Naquele ponto, existe uma pequena ladeira, coisa pouco comum nesta cidade plana. Felizmente, o monumento sobreviveu. Egolatria que seja, é um elemento de valor histórico. História que estamos acostumados a desprezar. Tanto é verdade que tentei várias expressões de busca, mas não localizei na Internet nenhuma informação sobre o A. Martins Pinheiro que um dia administrou Belém.
Com isso, acabo propondo um segundo desafio, para o qual não tenho solução: alguém sabe dizer quem foi A. Martins Pinheiro, que mandou construir o obelisco da Presidente Vargas? Se alguém souber, por favor, me ilumine.
PS Novos desafios sobre Belém virão.

6 comentários:

Tanto disse...

Vamos ao que descobri sobre Martins Pinheiro (que era homem das leis, advogado, mas também um pouco homem do oculto):

A Constituição do Estado do Pará, promulgada em 3 de setembro de 1914, foi reformada e mudou a administração do Município da Capital, composta por um Conselho Municipal de 12 membros, eleito diretamente, e por um Intendente Municipal, nomeado pelo Governador do Estado. O primeiro Intendente nomeado foi o Dr. Antônio Martins Pinheiro, com nome gravado no Obelisco do teu desafio, que tomou posse em 14 de setembro de 1914. O Presidente eleito para o Conselho Municipal foi Dr. Dionísio Auzier Bentes.

Significa dizer que o Antônio Martins Pinheiro administrou Belém pouco depois do Intendente Antônio José de Lemos, que ficou na administração municipal entre 1897 e 1911.

Theodoro Braga, o grande pintor (da tela A Fundação da Cidade de Belém), teria inclusive feito retrato seu, guardado na pinacoteca da Câmara Municipal de Belém, mas não sei te informar se o quadro ainda existe, nem onde se encontra.

E para o teu blog, um facto inusitado sobre o nosso misterioso Martins Pinheiro - o gostar do oculto que te falei acima. Lê esse grande pedaço de texto:

Por esse tempo visitava Belém o Senhor Kouma Horigoutchy, ilustre ministro japonês acreditado junto ao Governo do Brasil, em viagem de estudo ao Norte do País.
Filho da gloriosa pátria de Togo (O Senhor Ludovic Naudeau, num artigo publicado no Journal, de Paris, conta-nos uma tocante cerimônia a que assistiu, no cemitério de Aogama, em Tóquio, após a batalha de Tsushima, na qual falou o Almirante Togo em nome da Nação. Dirigindo-se aos heróis daquele extraordinário feito das armas, pediu que suas almas "protegessem a Marinha japonesa, freqüentassem os navios e reencarnassem nas novas equipagens".), onde a crença na vida de além-túmulo, na pluralidade das existências, dá uma energia admirável ao povo e às qualidades morais que o tornam “primus inter pares” no concerto das nações civilizadas - o Senhor Kouma Horigoutchy desejou naturalmente assistir a uma das sessões da Senhora Prado.

Não tivemos ocasião de falar a S. Ex. e pedir-lhe suas impressões sobre os fenômenos a que assistiu. Entretanto, baseamos a transcrever a ata dessa memorável sessão, ata que traz a assinatura de S. Ex. e do outros homens ilustres; dignos de acatamento por todos os títulos.
Eis a ata:

Tanto disse...

“ATA DA SESSÃO ESPÍRITA REALIZADA NA RESIDÊNCIA DO SENHOR EURÍPEDES PRADO, EM 14 DE JUNHO DE 1920.
As 8 1/2 horas da noite de 14 de Junho de 1920, no prédio n. 43, em que reside o Senhor Eurípedes Prado, à rua dos Tamoios, presentes os Srs. Kouma Horigoutchy, ministro japonês, junto ao Governo do Brasil e ora em excursão ao norte do País; Doutor Justo Chermont, senador federal, e esposa; Doutor Virgílio Mendonça, senador estadual; Doutor Amazonas de Figueiredo, lente catedrático da Faculdade de Direito do Estado e diretor do Ginásio Pais de Carvalho; desembargador Napoleão de Oliveira, Chefe de Polícia; desembargador Santiago, membro do Tribunal do Estado; maestro Ettore Bosio, Capitão Pedro Borges, ajudante de ordens do Governador do Estado; Apolinário Moreira, deputado estadual; Doutor Pena e Costa, 3° Promotor Público; Teixeira Marques, funcionário da Intendência Municipal; Manoel Pereira, comerciante; corretor Pedro Bastos, e esposa; Doutor Nogueira de Faria, 1ª Prefeito da Capital; Senhor Eurípedes Prado e pessoas de sua família, começaram os trabalhos. No ângulo esquerdo da varanda, foi instalado uma espécie de gabinete, forrado de lona preta, e armado à vista dos assistentes. As cortinas do lado direito da armação e da frente ficaram suspensas. Dentro desta armação, a que daremos o nome de gabinete mediúnico, foi colocada uma grade, que os assistentes previamente examinaram, passando-lhe em volta uma tira de nastro, lacrando-a. Depois de receber a médium, foi essa grade fechada a cadeado e lacrada pelo Capitão de Corveta Joaquim Teodoro do Sacramento, em presença dos Srs. Kouma Horigoutchy, Justo Chermont, Martins Pinheiro, Lúcio Amaral, Capitão Pedro Borges e Napoleão de Oliveira, que pela primeira vez observavam o fenômeno. Em frente ao gabinete puseram uma pequena mesa e sobre esta dois baldes: um de água fria e outro de parafina derretida, com a temperatura bastante elevada.
Apagada a luz, a varanda ficou fracamente iluminada por uma lâmpada elétrica, que, no terraço ao lado, derramava luz bastante para o interior daquela, através dos vidros dos portais. Atrás da fila dos assistentes, em direção ao gabinete mediúnico, funcionava um ventilador. Antes de começar os trabalhos, o Senhor Eurípedes Prado recebeu uma mensagem tiptológica, em que o Espírito dizia estar tudo bem e comunicava ao Doutor Virgílio Mendonça que, em dado momento, poderia aproximar-se da grade.
Com efeito, passados alguns minutos, ouviu-se o médium falar debilmente, dizendo ao Senhor Eurípedes que pedisse ao Doutor Virgílio para se aproximar. Este, indo, solicitou ao Espírito para convidar alguém que tivesse ido àqueles trabalhos pela primeira vez. Atendendo, convidou o Senhor Kouma. Ambos, então, viram, ao lado da médium, o Espírito materializado, dentro da grade.
Cerca de vinte minutos depois, saiu do gabinete o Espírito de “João”: trajava de preto, calças e paletó. capuz branco, descalço.
Apertou fortemente a mão do Doutor Virgílio Mendonça e, de leve, a do Senhor Ministro japonês.
Ia e vinha, abria os braços, mostrando-se distintamente a todos. Depois empenhou-se no trabalho de parafina, tendo mostrado a mão revestida de cera, tocando-a os Srs. Drs. Martins Pinheiro, Justo Chermont e Virgílio Mendonça. Pronto que foi o molde, “João” o entregou a um dos assistentes que o passou ao Senhor Kouma. Aproximou-se ainda, por diversas vezes, do círculo, tendo feito outro molde e oferecido ao mesmo Senhor Kouma. Alguns dos assistentes, entre os quais o Doutor Amazonas de Figueiredo, Pedro Bastos e senhora, Nogueira de Faria, Virgílio Mendonça, pediram-lhe que trouxesse “Anita”, um Espírito feminino que por diversas vezes já se materializara. “João” recolheu-se ao gabinete e, dentro em pouco, via-se aparecer uma moça, parecendo ter 14 a 16 anos, vestida toda de branco, saia e blusa, longos cabelos soltos.
Ajoelhou-se, orando, levantando-se, ia e vinha, desembaraçadamente, sendo vista por todos muito nitidamente.

Tanto disse...

Assim esteve durante um quarto de hora, talvez. Tomou o leque das mãos da Senhora Pedro Bastos, indo com ele abanar o rosto do Senhor Kouma, que parecia merecer as honras da noite. Ao ser restituído àquela senhora, o leque ficara ligeiramente humedecido no punho. Estava tão bem materializada que, na claridade enfraquecida do aposento, quase se distinguiam suas feições. Deu ainda algumas voltas e recolheu-se ao gabinete, desaparecendo.
Parecia estar finda a sessão; entretanto, reaparece “João”, desta vez vestindo túnica branca. Ajoelha-se e ora. Chegou por umas duas vezes ainda próximo à fila de assistentes e depois voltou para o gabinete. Alguns minutos mais e ouvia-se perfeitamente que ele despertava a médium. Antes de encerrar os trabalhos, ainda acenou adeus à assistência, com uma espécie de lenço.
Acordada a médium e feita a luz, foi à grade examinada pelos assistentes. O lacre e cadeado, tudo estava inteiramente intacto. Retirada a médium, o Senhor Ministro japonês colocou-se dentro da grade, examinando o cadeado, resistência dos varões, etc.
Belém do Pará, 14 de Junho de 1920.
(Assinaram)
H. Horigoutchy
Virgilio Mendonça
Justo Chermont
João José Teixeira Marques
Amazonas de Figueiredo
Pedro Rodrigues Bastos
Pedro Paulo Pena e Costa
Napoleão de Oliveira
Apolinário Moreira
Ettore Bosio
Pedro Borges. "

Por lamentável esquecimento de quem confeccionou esta ata, deixaram de ser incluídos os nomes dos Srs. Doutor Antônio Martins Pinheiro, então intendente de Belém, e Doutor Lúcio do Amaral, oficial de gabinete de S. Exa., e do Senhor Capitão de Corveta J. Teodoro do Sacramento.

É isso que consegui, amigo. Espero que mate a curiosidade!

Lafayette disse...

Como disse, lembrava de ter visto, mas confesso que não me lembrava que era neste Obelisco.

Vou pesquisar pra saber quem A. Martins Pinheiro e se encontrar algo, digo aqui.

Yúdice Andrade disse...

Ahahahahahahah!
Lafayette, o Fernando é tão rápido que já fez até essa pesquisa! Vou publicar o que ele me informou.

Valeu, Tantão!

Tanto disse...

De nada...hahaha

Ass: Catita de Biblioteca.