quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

As crateras da indústria da construção civil

Perguntei na postagem "Aterro", três abaixo desta, e a primeira resposta que obtive me veio do comentarista Artur Dias:

Yúdice, morei por dois anos no Conjunto Ariri, na Estrada do 40 Horas, onde verifiquei a destruição causada pelas empresas de aterro. O conjunto fica encravado no meio de várias crateras, os chamados "covões", que o povo chama de "Curvão", abertas por essas empresas que, penso eu, nada têm de legal. Não somente lá, mas em outras áreas da cidade, há essas crateras. Há, próximo ao conjunto, uma rica floresta secundária, onde se podem ver macacos-de-cheiro, tucanos, pica-paus, esquilos e até falcões peregrinos, vindos do hemisfério norte, que podemos observar ao final da tarde e começo da manhã, caçando pássaros e morcegos. Pois essa beleza toda foi rasgada pelas máquinas, até alcançar os primeiros lençõis de água. Quando essas crateras são invadidas pela água, eles as abandonam e partem para outros lugares. Tempos depois, as crateras viraram invasões. Tem até a invasão do "Parque Atlântico", já na beira do igarapé, além de outras quatro ou cinco. Excursionando por esses lugares, verifiquei algo já esperado: os esgotos da invasão convergem para o fundo das crateras, atingindo mais rapidamente as águas subterrâneas, fonte da água consumida por 99% dos moradores da área. Olhar os verdadeiros lagos, no fundo das crateras, é algo belo e trágico, pois, ao mesmo tempo que vemos o mergulho do martim - pescador e da ariramba, em busca dos peixes que ainda restam ali, um colar de lixo flutuante vai se formando ao longo das bordas.
Ao me mudar, tive a certeza de que o problema se agravaria. E na edição de hoje, O Liberal fala de um conjunto habitacional no 40 Horas cujos poços estão contaminados pelo despejo de lixo.
O que esperar para o futuro?

O futuro é o que mais me preocupa, Artur. Porque o buraco, por si só, é um problema. Mas o seu surgimento compromete o lençol freático e desequilibra o ecossistema, abalando a vegetação e o ciclo de vida dos animais, como fica claro em tua descrição, por sinal muito bonita. E há um outro fator, que merece uma postagem específica adiante: os curvões viram favelas!
Depois do Artur, o Lafayette Nunes, com o apoio do pai, o mestre André, mostraram onde ficam os curvões, com direito a mapa e tudo. São duas postagens: aqui e aqui.
Aliás, ao ver o mapa, repare que quase ao centro da imagem existe uma rua chamada "Covão". Sintomático, não?

5 comentários:

Ana Miranda disse...

Caro Yúdice, desculpe-me utilizar esse espaço e fugir do assunto...
Mas, olha só, até que enfim, terminei de escrever meu livro.
Agora voltarei a poder responder seu blog sempre, meu computador é jurássico, assim como eu, que salvo meu livro em diskete, e o computador dos meus filhos não têm compartimento para tal, agora que terminei posso usar direto o computador deles e assim dialogar contigo sempre.
Ah, vou postar a última parte do livro amanhã. Vou deixar um agradecimento a vc, depois dê uma passadinha lá para ver. Amanhã à noite já deve estar postado.
Obrigadaça pela ajuda muito bem vinda que me deste. Estou falando quase igual paraense. Acho liiiiiiiiiindo!!!
Ana Miranda

Yúdice Andrade disse...

Será bom te ter por aqui sempre, Ana. Parabéns pela conclusão do trabalho.
Sempre quis escrever um livro. É meu sonho de criança. Com o passar dos anos, fui-me dando conta de que, ao contrário do que eu pensava naquela época, não tenho nenhum talento para isso. Escrever bem (a Língua Portuguesa, eu quis dizer) não significa saber escrever uma boa história. Hoje eu o sei e, apesar de ser uma frustração que não supero, vivo mais em paz.
Por isso (também), mantenho este blog, que me permite escrever e escrever e escrever, limitadamente a textos curtos, como curta é a minha criatividade para a ficção.
Um abraço.

Ana Miranda disse...

Yúdice, para escrever um livro, basta papel e caneta. O meu ficou imenso, 882 páginas. Meu filho, que é jornalista disse que vai editá-lo e reduzi-lo a, no máximo, 350 páginas. Isso quando ele tiver tempo. Espero que ele não tenha tempo nunca, pois ele jogará fora, praticamente 1 livro...
Mas, esse foi meu primeiro, no próximo serei menos prolixa. Aliás, o próximo já está com o enredo pronto, só falta começar s desenvolvê-lo. É a hsitória de um padre.
Ana Miranda.

Yúdice Andrade disse...

Ana, perdão por discordar, mas eu também achava que papel e caneta (ou máquina datilográfica ou computador) bastavam, mas depois mudei de ideia. Mais do que inspiração e criatividade, existem técnicas para escrever que precisam ser dominadas. Eu não as possuo, por isso o meu excesso de autocrítica. Sou prolixo, tendo a explicar demais, não sei deixar coisas no ar. Não sei se possuo um estilo.
Mas esta é apenas uma opinião.
Sei que a tendência natural das pessoas é não querer perder nem uma só vírgula do que foi produzido, mas acredito na tempestade cerebral e no enxugamento posterior. Acho que teu filho tem razão, inclusive por razões mercadológicas. O brasileiro não gosta de ler, lembre.
Boa sorte e sucesso com o livro.

Ana Miranda disse...

Obrigada! Já postei, qdo puderes (estou virando paraense) dê uma passadinha lá só para que leias os agradecimentos. Está logo na 1ª página.