quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Alanis Morissette


Por Madonna, que recentemente esteve no Brasil em muito bem sucedidas apresentações, eu sequer me levantaria da cadeira. Mas em se tratando de Alanis Morissette, a roqueira canadense de sotaque caipira, a coisa é diferente. Contudo, por razões circunstanciais, ainda não será nesta segunda oportunidade em que Alanis visita o nosso país que me concederei o prazer de vê-la.
Mas esta postagem não se destina a informações pessoais e sim a mais um arbítrio.
Alanis não fará apenas dois ou três shows e sim onze. E não ficará restrita, como de praxe, a São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte. Ela passará por essas quatro capitais e também por Manaus, Fortaleza, Teresina, Recife, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre. E é aí que reside a minha irresignação.
Alanis não acordou um dia dizendo a si mesma que gostaria de se apresentar em Manaus. Essas coisas não funcionam assim. Existe uma turnê e empresários do setor de entretenimento fazem os contatos necessários com os produtores da mesma para realizar o evento em certo local. Ou seja, empresários de ou ligados a Manaus contrataram o show para a capital amazonense porque viram nele, com acerto, uma grande oportunidade de lucros.
Um megaconcerto de rock de uma estrela internacional está longe de ser apenas um acontecimento cultural. Há diversas outras implicações. Devido ao imenso poder atrativo de público que tem, ele mexe com a vida econômica da cidade. O Município arrecada impostos, empresas transportadoras vendem passagens (aqui cabem todos os meios de transporte disponíveis), hoteis e pousadas faturam  tudo isso mesmo em épocas tidas como de baixa estação  e, de modo geral, o turismo se incrementa. Os visitantes passarão pelos pontos turísticos, lojas em geral, restaurantes, etc. Haverá generosa circulação de dinheiro. Ganha-se até, indiretamente, pela visibilidade que a cidade pode passar a ter como destino desse tipo de evento.
Minha revolta é: por que diabos em Belém do Pará não existe nenhum empresário  nenhum empresário  capaz de nos colocar nas rotas dos grandes eventos musicais? Nenhum deles tem dinheiro o bastante? Será que quando mandam dólares para o exterior não sobra nada para um investimento desses? Será que não temos público? Será que não temos um espaço capaz de sediar o concerto?
Enquanto isso, continuamos a escutar esse discursinho ridículo de Belém, Metrópole da Amazônia, cantado em prosa e verso pelos políticos patéticos da província. Mas a realidade é muito outra. Todos sabemos que Manaus, há anos, está à nossa frente, p. ex. em infraestrutura urbana. E o que dizer de Teresina, capital do Estado de menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do Brasil?
Sem dúvida, Manaus e Teresina estão à frente de Belém, no mínimo, em uma coisa: iniciativa. E ainda tenho que aturar os bobos que se queixam das mazelas de Belém como elas não tivessem uma causa humana... Que lástima!

9 comentários:

Leo Nóvoa disse...

Professor, acho que além da falta de empresários do ramo de entretenimento, há uma espécie de causa cultural atrelada a isso, pelo menos na cabeça dos empresários que detém o dinheiro, que acham que o povo de Belém só valoriza porcaria. Afinal, se a Ivete Sangalo lota shows, porquê a Alanis Morissette não lotaria?

Abraços

Anônimo disse...

Ô Léo, deixa a Ivete.... rsrsrs

Gosto dela e não me envergonho de dizer.
Do mesmo modo que tenho a discografia completa do Chico no notes, não me importo de dizer que também ouço Ivete, Vercilo, Ana Carolina, enfim, os "populares".

E respeito, procuro mesmo respeitar, quem gosta dos sertanejos, calipsos, funks... Vida a diversidade!!! Chega de imposições!!!!

Agora, é uma pena a Alanis não fazer show aqui... Soube da notícia desde o final do ano passado e fiquei arrasada ao ver que ela tocaria em Teresina e não aqui.... E, por estar prestes a me mudar, o excesso de despesas nos impedirá de ir vê-la, infelizmente!!! Do mesmo modo que nos impediu de ver a Madonna.

Paciência.

Adoro seu trabalho. Acompanho desde o Jagged Little Pill. Mas vai ficar para a próxima. Pelo menos ela não tem 50 anos ainda. Hahahaha


Abraços.

Anônimo disse...

É uma pena. Terei que gastar minhas milhas e ir vê-la em Fortaleza.

Eu vou!

Yúdice Andrade disse...

Faz sentido, Léo. Contudo, olhei o caso apenas pela ótica do retorno econômico e, nesse particular, não consigo acreditar que o show, em Belém, não fosse rentável. Ainda mais numa época em que um monte de malucos quer porque quer nos convencer de que estamos capacitados a sediar a copa do mundo, o que é uma insanidade, claro. Se não há iniciativa para nada, a menos que o governo se coce, e no caso do Fórum Social Mundial nem assim, como podemos sair desse rumo de estagnação em que nos encontramos?

Querida Rita, não sei se o Léo quis colocar o Ivete Sangalo na categoria porcaria. Eu, p. ex., que sou bastante restritivo, não a classifico assim, apesar de não gastar meu tempo e muito menos meu dinheiro com ela. E, para mim, Ana Carolina está no topo, apesar de ter achado horrível o seu último CD.
Abraços, querida.

Pô, Lafayette, tira uma foto com ela e pede que escreva assim: "Para Yúdice, com saudade e amor, Alanis."

Rafael Amarante disse...

Professor, eu tenho uma teoria acerca da ausência de Alanis em Belém: vivemos em uma cidade de amadores, daí não termos acesso a muitos dos grandes shows que passam pelo país.
Uma pena. Quem sabe, na próxima. Se é que haverá uma próxima!

Anônimo disse...

Réréré...

Mas olha que tentarei!

Yúdice Andrade disse...

Rafael, foi um pensamento exatamente nessa linha que me motivou a redigir a postagem.

Lafayette, tenta lá, amigo!

Leo Nóvoa disse...

Mas quem disse que eu não gosto Rita? Gosto sim, ouço Ivete Sangalo, ouço axé music, valorizo a diversidade musical, valorizo a música. =)
Quando falo em porcaria me refiro mais à forma com que a música é vendida, como um produto enlatado para satisfazer ávidas necessidades humanas. Nesse sentido que falo que de certos tipos de música como porcaria.
Agora sinceramente, o único estilo musica rotulado que não me agrada é aquele dito pagode. Apesar de ouvir e curtir num bom churrascão de domingo. haha

Abraçoss

Yúdice Andrade disse...

Estás convencida da explicação do Léo, Rita? A verdade é que ele é bem mais eclético do que eu. Confesso ser bem intolerante com boa parte do que se escuta hoje em dia, tanto que não ouço rádio, como já contei aqui no blog.