terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O caminho não é esse

Novamente Luiza Duarte, defendendo seu ponto de vista com classe e inteligência:

É inegável que os crimes mais violentos acabam sendo praticados por pessoas das esferas sociais menos abastadas, por um número sem fim de razões (incluindo o ambiente que os cerca, a ausência total de Estado, a necessidade, a brutalidade que lhes é imposta todos os dias, os direitos que lhes são negados, a humilhação, a indignidade, etc), que acabam tirando muito de sua sensibilidade e respeito pelos outros - o que é perfeitamente natural. É difícil exigir sentimentos nobres de quem é desrespeitado todos os dias pelo "sistema".
Esse embrutecimento das pessoas, porém, não fazem com quem todas elas se tornem marginais! De forma alguma! Apenas se chocam com menos facilidade, pois a violência lhes é banal e corriqueira.
Apesar de os números indicarem que a maioria dos criminosos violentos são oriundos dos bairros X, Y ou Z e frequentam aparelhagens, é completamente inadimissível que se parta do pressuposto de que todos os que estão ali são passíveis de uma detenção para averiguação! Isso não seria aceito em nenhuma boate/bar de classe média e não tem porque ser aceito nas aparelhagens. Ou você acha razoável um cidadão honesto, que saiu para se divertir, no tipo de festa que lhe agrada, passar a noite (ou mais de uma noite) detido enquanto a polícia checa se ele tem uma "ficha corrida"? Porque isso seria aceitável? E se ele tiver uma ficha corrida? Preenche as condições necessárias para aguardar o julgamento preso? São muitas questões a serem levantadas e que a polícia não pode desrespeitar para dar uma satisfação (fácil) para a sociedade.
Muita coisa precisa ser feita, mas o caminho não é esse. Não mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ode a Cesare Lombroso!?
Deparando-me com as leituras acerca da situação nevrálgica que a sociedade tem passado em virtude da criminalidade, bem como as idéias esposadas sobre o criminoso, lembrei-me dos idos tempos das aulas de Direito Penal, onde pude ter a oportunidade de estudar, com o Yudice, um pouco a teoria de Cesare Lombroso sobre o Criminoso.
Ele (Cesare) esculpiu sua teoria sobre o criminoso a tal ponto de identificá-lo através de características físicas, principalmente através do formato do crânio, inclusive comparando-o ao do homem primitivo. Além disso, ofertou base para a construção teórica da formação genética do delinquente.
Talvez esta minha incursão em campo que não me é afeito não me seja oportuna, e provavelmente eu deslize e provoque algum embaraço a mim mesmo. Entretanto sinto-me livre para expressar minha opinião.
Bem, esta realmente não é minha seara, porém arrisco opinião sobre o assunto, tão debatido neste blog.
Parece-me, apenas a título de elucubração, que Lombroso apenas sofreu alguma variação, pois hoje não se mede mais o crânio, mas mede-se ou apura-se a cor da pele, o status social, o local de lazer e ou do domicílio do indíviduo. Aquele que se enquadrar num estígma social, pode ser ou não classificado como delinquente, ou pelo menos ter fortes tendências de se tornar um.
Claro que não sou adpeto da teoria lombrosiana, tão ultrapassada e nem sou adepto destas fortes tendêcias mediáticas de transformar o negro, o pobre, os que moram na favela em potenciais criminosos.
Interessante que por mais que a maioria nunca tenha ouvido falar em Lombroso, porém esta maioria reproduz quase que integralmente suas lições antropométricas.
Será que Lombroso, tão afamado estudioso da Antropologia Criminal está ultrapassado, tal como dizem os novos cientistas criminais?
Creio eu que cientificamente sim, porém, e infelizmente, no âmbito leigo não.
Ainda nos deparamos com policiais "prendendo" os que se enquadram neste hermético quadro social discriminatório simplesmente para averiguação! Isto sim é digno de anedotas ou de críticas sérias!
Claro que entendo que hoje a antropologia criminal não mais estuda o criminoso do ponto de vista somático, todavia outros parâmetros, tais como psíquicos-psicológicos, sociais, culturais, e outros.
No entanto, quantos de nós não julgamos o criminoso a partir do biotipo? Arrisco a dizer que quase todos nós!
Se o índice de crimes nos bairros pobres é grande, não o é por outro motivo senão o de que a própria sociedade expurga suas "malezas" para as redondezas dos centros urbanos. Além desta técnica secular de eliminação, inclui-se neste rol o total menosprezo de estrutura básica. Até Lombroso disse que a iluminação pública seria eficaz para diminuir o índice de criminalidade! Me parece medida simplória esta, e que não é efetivada!
Quando das minhas aulas, ao mencionar a cota para negros para o ingresso nas universidades, é quase total o rebuliço contrário a idéia, como se fosse uma afronta ao princípio da igualdade.
São idéia formatadas pelo atavismo social que ainda impregnam o ideário coletivo. São arquétipos que se enraizam, e que são difíceis de serem arrancadas ou buriladas.
Muito me alarmou o comentário de uma pessoa que disse algo sobre "morte aos bandidos", mesmo tendo aula com os profs. Yudice e Ana Claudia.
Fez-me pensar: cade a nossa humanidade? Estamos perdendo a razão? Será que vale a pena perder algo que nos faz ser humano?
Onde iríamos nos diferenciar dos tão estigmatizados e odiados criminosos se começaríamos a eliminar, e não educar, estes HUMANOS, que por diversos motivos, deliquem?
Não podemos olvidar esforços, sim, em modificar a estrutura social através da educação, das oportunidades, da criatividade, e principalmente da alteriadade.
Não nos deixemos levar pelo "furor sanante" da malfadada mídia, mas nos utilizemos de ferramentas humanas para transformar seres humanos.
Abraços em todos.

Anônimo disse...

Porque será que a Segurança Pública só faz piorar, entrando e saindo profissionais e técnicos do setor de sua chefia? A resposta, procurem na explosão de empresas de segurança e milícias.
Abs
Edyr Augusto