segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Eu sempre soube


Falei sobre isso inúmeras vezes. Visitei exposições, procurei na Internet, quis me informar, examinei material de diversos autores. E sempre chegava à mesma conclusão. Mas as pessoas diziam que eu era um ignorante que não entendia nada sobre arte. Que eu não possuía a aptidão necessária para compreender a imensa significação da obra.
Agora a vida prova que eu estava certo sobre as artes plásticas contemporâneas.
Olhando bem para a tela pintada por Aelita Andre, gostei bastante. É linda. Com o detalhe das mãozinhas no canto superior esquerdo. Ao contrário do que tenho visto por aí que, sinceramente... Deixa pra lá.

6 comentários:

Ademir Braz disse...

Caro:
As notícias de Belém, aqui, são, digamos, mera formalidade nos jornais que circulam mal e porcamente na região. Por causa disso ficamos assim: o Pará não conhece o Sul do Pará, nem nós conhecemos Belém e seu universo. Por aqui torcemos, além agora do Águia, pelos clubes do sul do Brasil. E talvez isso seja até bom, em vista da tragédia que se tornaram os clubes da Capítal.
Por conta desse mútuo desconhecimento, tomei um susto quando li na imprensa o assassinato daquela autoridade chamada Iúdice, desesperado achando que era o senhor, numa repetição do que ceifou Lauande.
Graças a Deus você está vivo. E, por favor, permaneça assim!
Um abraço emocionado do
Ademir Braz

Yúdice Andrade disse...

Meu amigo, tão pouco nos falamos que fico até emocionado com tua preocupação. Por ora, a vítima não fui eu. Estou tentando me manter vivo, para ao menos ver minha filha crescer. Para tanto, não saio muito, procuro tomar cautelas, não saco quantias elevadas e, enfim, faço o que posso. Mas a verdade é que não há como impedir que a rotina de perdas e tragédias desta capital chegue até nós. Para tanto, o que resta é uma boa dose de fé em Deus. Obrigado pela preocupação.
No mais, se as notícias daqui não chegam por essas bandas, é porque não há mesmo nada de relevante acontecendo. E quando há, é desgraça. Devo dizer, que "mal e porcamente" circulam os jornais daqui, que saem todos os dias (o problema é o conteúdo, claro).
Finalmente, eu não gosto de futebol, mas se gostasse seria Águia desde criancinha.
Abraço, poeta.

Anônimo disse...

A notícia é mesmo interessante e engraçada. É claro que ela ganha ares cômicos mais acentuados em contraste com o pano de fundo de nossa crença, bastante senso comum, de que a pintura abstrata não faz sentido algum e se parece, mesmo, com manchas feitas ao acaso por um indivíduo não muito mais bem dotado de talento que uma criança do pré-escolar. Essa crença, no entanto, embora bastante popular para conversas de ocasião e piadas de salão (eu mesmo me rio dessas coisas à beça), está longe de ser verdadeira. Não sou nenhum especialista no assunto (longe disso, também me embaraço para apreciar obras daquele gênero), mas sei que a renúncia à mimese figurativa (imitação dos objetos da realidade) não impede que impressões, sensações e efeitos sejam explorados a partir de formas, cores e combinações diversas. O que ocorre, e bastante, é que pessoas não qualificadas e carentes da formação apropriada, se arroguem à condição de artistas, de curadores, de críticos, o que é maior nos locais mais atrasados, porque a imbecilidade e a arrogância pernóstica costuma ser diretamente proporcional ao tamanho da ignorância dos envolvidos. Feita essa reserva, porém, a notícia é mesmo bastante engraçada!

Yúdice Andrade disse...

André, eu me reconheço como uma pessoas não qualificada e carente da formação apropriada no quesito arte. Só tenho a honestidade de não me pôr como crítico.
A ironia da postagem reside justamente na opinião que tenho de certas manifestações artísticas que vemos hoje, principalmente depois de umas tentativas que fizeram de me explicar. Foi muito pior.

Anônimo disse...

Yúdice, acho que você já sabe disso, mas, apenas para deixar fora de qualquer dúvida: no meu comentário não houve nenhhuma crítica a você, à sua opinião ou à sua formação no assunto. Até porque, como disse, também careço de formação no assunto e tudo que tenho são conhecimentos introdutórios. Mas acredito que, quando um domínio cultural é tão povoado por ignorantes espertalhões que se metem a entendidos, mesmo nós, que não somos especialistas, ficamos com a sensação desconfortável de que estão nos enganando, de que estão embrulhando uma práxis sem sentido e oportunista numa retórica evasiva e pseudointelectual. E isso acontece bastante nas artes plásticas. É saudável que mantenhamos ligado esse alerta de suspeita, mas, nem por isso, contudo, deveríamos erigir um juízo de rejeição prévia e generalizada contra formas não apenas legítimas, mas inclusive, quando bem exercitadas, bastante inspiradoras e admiráveis de arte. Apenas para fins de comparação, a belíssima composição O Trenzinho Caipira, de Villa-Lobos, simula a partida e o movimento da locomotiva, a sensação de nostalgia com que se abandona o ponto de partida, a crescente esperança com que se vislumbra o destino que se aproxima etc., tudo isso apenas por meio de uma genial combinação de sons, sem recorrer à imagem, em momento algum. Ora, assim como Villa-Lobos, no seu brilhantismo, conseguiu nos proporcionar uma impressão sonora daquilo que normalmente só nos chegaria pelas imagens, explorando sinestesicamente a impressão visual por um meio não visual, também a arte "abstrata" (embora o nome não seja tão feliz; melhor seria dizer "não figurativa" ou "não representacional") pode explorar impressões visuais sem recurso a figuras, apenas por meio de cores, linhas, contornos, sombras etc. Ainda que sejamos admiradores da arte de proposta figurativa e representacional (eu, por exemplo, sou um aficcionado pela pintura renascentista e, especialmente, pela perfeição técnica e pelo tenebrismo de Caravaggio, por exemplo, em "A Ceia em Emmaus" e em "Inovacação de São Mateus", duas de minhas telas preferidas), não há por que não reservar espaço e respeito por outra proposta estética, que toma para si uma tarefa extremamente difícil, que é fazer nosso sentido da visão, evolutivamente adaptado à percepção de objetos (os protagonistas do palco visual), apreciar a força e a beleza desses fantásticos coadjuvantes que são as cores, as linhas, as sombras, as combinações, as sobreposições, as texturas etc. Um abração!

Yúdice Andrade disse...

É claro que eu sei, André. Você apenas esclareceu, por meio de uma análise séria, aquilo que tratei na ironia. Tudo na paz! Abraços.