Quando peças de elevado valor artístico ou histórico desaparecem no Brasil, a turma que está sempre pronta ao deboche contra os brasileiros — contra si mesmos, bem entendido — solta suas farpas. Foi assim com a subtração no Museu de Arte de São Paulo — MASP em 20.12.2007 e, há poucos dias, no Museu Paraense Emílio Goeldi. Neste caso, como se tratam de paraenses responsáveis pelas obras, talvez o deboche tenha sido ainda mais agudo.
Todavia, em 2004, houve o assalto ao Museu Munch, em Oslo, que guarda obras do pintor Edvard Munch (1863-1944). Foram levadas as telas "O grito" (provavelmente a mais famosa do artista) e "Madona". Felizmente, elas foram recuperadas dois anos depois e agora são exibidas com especial esquema de segurança, como mostra a fotografia à direita.
Agora, em pleno feriado de ano novo, a Fasanengalerie — uma galeria privada em Berlim — perdeu para ladrões mais de trinta obras de arte, dentre as quais gravuras de Picasso e de Matisse. Duvido que os críticos digam que os alemães são incompetentes ou que não dispõem de dinheiro para investir em segurança.
Devemos lembrar que, no caso do MASP, as telas "O retrato de Suzanne Bloch", de Picasso, e "o lavrador de café", de Portinari, também foram recuperadas e os ladrões presos, ficando uma pendência em relação ao miserável que contratou o furto por cinco milhões de reais.
Portanto, não me parece justo menosprezar os brasileiros por tais danos à cultura, às vezes irreparáveis, em que pese algumas mazelas inaceitáveis, tais como as telas do MASP não estarem cobertas por seguro. O que existe, isto sim, são redes criminosas internacionais, onde gente de enorme capacidade econômica e grande sofisticação cultural, somadas a nenhum caráter, se acham no direito de afanar à própria humanidade aquilo que deveria estar à disposição de todos (de todos, ao menos em tese).
O pior é que um ladrãozinho desses sequer pode exibir a obra furtada em sua casa — ou sei lá onde a enfie —, porque acabaria preso. Ele terá a obra guardada em algum nicho obscuro, para seu deleite pessoal, quiçá individual. Isso manifesta algum tipo de egocentrismo extremo, quase impossível de entender.
Enfim, lembremos que só há roubos porque a coisa roubada tem valor econômico e poderá ser adquirida por alguém. Mercado. Eis o problema.
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