domingo, 4 de janeiro de 2009

Bonna gente

O título desta postagem não deve ferir a suscetibilidade dos amantes da língua italiana. Não se trata de um erro de grafia da palavra "buona", mas uma alusão ao jornalista Mauro (e não "Mário", como tolamente escrevi a princípio, o que me foi alertado pelo Léo Nóvoa) Bonna (já fui criticado por chamá-lo de jornalista, mas que me conste é essa a profissão dele), que em sua coluna de negócios de hoje, no jornal Diário do Pará, aguça o veneno em algumas notas:

1. Sob o malicioso título "Overdose", informa que 800 universitários americanos visitaram nosso Estado num cruzeiro, tendo a oportunidade de conhecer Alter-do-Chão, a Floresta Nacional do Tapajós e Fordlândia, esta em Belterra, revelando que o objetivo da viagem não era apenas lazer, e sim busca de conhecimento in loco. Arremata a maldade com isto: "Foi uma overdose de conhecimento, ao contrário dos cruzeiros universitários brasileiros."
A maldade fica por conta da morte da estudante Isabella Baracat Negratto (20), a bordo de um cruzeiro universitário, em circunstâncias classificadas pelas autoridades como suspeitas, no último dia 19 de dezembro. Uma amiga admitiu que as duas haviam bebido, mas negou o uso de drogas. A imprensa, contudo, tem tentado passar a ideia de que o passeio em questão foi uma farra de entorpecentes. Apesar de que os jovens de classe média, a julgar pelas baladas que fazem, são chegadíssimos em substâncias ilegais, notademente êxtase, seria prudente ao menos esperar o resultado da perícia necroscópica antes de desrespeitar a memória da moça que, afinal de contas, tem uma família vivendo um momento doloroso.

2. O nojo declarado foi para uma "grande e ultrapassada comunidade hippie", que estaria "vivendo dentro da mais completa imundície" na Praça da República. Que eu me lembre, os hippies habitaram aquela praça desde sempre. Lembro-me deles quando, ainda criança, passava por lá. Não entendia por que viviam daquele jeito e, hoje, aos 33 anos, entendo menos ainda. Admito não ter a menor simpatia por esse modus vivendi. Aliás, vi o filme Hair e achei um horror. Só não acho que a solução para o incômodo deva ser tomada pelas autoridades de saúde pública, como diz a nota. Hippies não são montes de lixo. São seres humanos, quer você queira e goste disso, quer não. Portanto, assistentes sociais deveriam vir antes da turma da saúde.

3. Mas Bonna também evolui: agora ele chama os participantes do Fórum Social Mundial de "ativistas" e não mais de "bicho-grilo". Alvíssaras!

No mais, permanece a emoção do colunista em torno de um tal de Duciomar Costa.

3 comentários:

Leo Nóvoa disse...

Só reitero que o nome do tal jornalista é "Mauro Bonna" professor, e não Mário.
No mais, gostaria de lhe dizer que esses cruzeiros universitários realmente são só entorpecentes professor, não há como negar isso. E fora do joguinho babaca da mídia, o que acontece é realmente isso: farras monstruosas. Não estou maldizendo, pois drogas e entorpecentes estão em todo lugar e não é porquê estão em tal cruzeiro universitário que este deva ser o alvo principal. Mas acho que é o que acontece e, como é de praxe em nosso país, é necessário que algo aconteça para que as autoridades tome alguma atitude.

Abraços

Yúdice Andrade disse...

Já corrigi o erro, Léo. Obrigado por me alertar. Não sei onde estava com a cabeça.
Quanto ao mérito do teu comentário, sei que as coisas são como dizes. Mas como tenho a maior fama de chato, prefiro que outras pessoas o digam, como o fizeste. Obrigado duplamente.

Anônimo disse...

Eu já sou a favor da opinião do Professor Yúdice, Léo. Dizer que a menina fez uso de entorpecentes porque estava num lugar propício a isso, é meio incoerente. É melhor esperar o resultado da perícia.