Panfleto distribuído de casa em casa e que assim chegou às minhas mãos contém o seguinte texto, que transcrevo literalmente, para após fazer alguns comentários:
REVISTA VEJA TAMBÉM ACREDITA (1)
Editora Abril — edição 2025, ano 40, nº 36, 12 de setembro de 2007 (2)
"...Elas [Escolas Adventistas] sobressaem em meio a milhares de outras (3) não só porque proliferam rapidamente (4), mas também por seu bom nível acadêmico..." (5)
"...Eles [pais] foram específicos: acham que esses colégios são mais capazes de difundir valores éticos, morais e cristãos..." (6)
"...Quero minha filha num ambiente onde se cultivem a disciplina e os bons hábitos..." (7)
"...Os adventistas implantaram um novo conjunto de medidas para profissionar a gestão..." (8)
"...Deixamos claro o nosso ponto de vista, criacionista..." (9)
(1) Como se a Veja fossse referência de credibilidade... Demais disso, sempre pode haver um caráter propagandístico oculto em reportagens aparentemente isentas.
(2) A avaliação tem mais de um ano, isto é, a publicação dos resultados. A avaliação em si foi realizada antes. Será que a situação atual ainda corresponde ao painel avaliado?
(3) As "milhares de outras" foram avaliadas?
(4) Desculpe, mas na minha humilde opinião, a proliferação acelerada jamais foi referencial de qualidade. Muito antes pelo contrário. Que o digam as... Deixa prá lá.
(5) Se estamos falando do bom nível acadêmico de seus professores e gestores, isso de fato seria um diferencial da maior relevância. Afinal, educação é tarefa que não pode ser realizada na base da experimentação, embora isso frequentemente ocorra. Questiono-me, contudo, se as escolas de Belém estão no mesmo nível das avaliadas em nível nacional. Note bem: eu não estou duvidando, apenas perguntando.
(6) Pode ser. Eu me pergunto se são aptos a aceitar a diversidade religiosa e respeitá-la como praxe institucional, fomentando-a entre o alunado. Sei de escolas religiosas que toleram religiões diversas, mas tolerar já demonstra arrogância. Eu não tenho que tolerar o meu semelhante e sim reconhecê-lo como tal. Desconheço escolas que fomentem o ecumenismo. Se houver alguma, por favor me digam qual. Devido a isso, tenho grandes restrições pessoais a escolas religiosas.
(7) Abstraindo o excesso de vagueza dos termos, também gostaria que minha filha convivesse num ambiente em que se cultiva a disciplina — coisa cada vez mais rara nas escolas, sobretudo porque os pais exigem das escolas que passem a mão na cabeça de seus marginaizinhos e estas, de olho nas mensalidades, obedecem — e bons hábitos, seja lá o que isto signifique.
(8) Se é assim, então eles são muito inteligentes.
(9) Eis aí o grande motivo pelo qual fiz esta postagem. Os adventistas têm o meu respeito e a minha admiração por serem honestos, ao deixar claro o seu maior referencial filosófico. Desse modo, só quem concorda com o criacionismo matriculará seus filhos numa escola com esse perfil. A admiração termina aí, entretanto. Ainda que respeitando a religião alheia, é minha posição sedimentada que o criacionismo é o que de pior se pode introduzir numa escola, já que não condiz com a realidade, com os fatos, com a História. Por meio dele, o obscurantismo insiste em reinar na Terra. Basta ver quem é um de seus maiores defensores: George W. Bush.
Sei que minha opinião despertará rancores, mas não posso admitir que em 2009 se diga a uma criança, dentro de uma sala de aula, que a humanidade se originou de Adão e Eva e que a evolução é um embuste. Isso é mentir e deseducar.
Pode me atirar pedras, mas vou logo avisando: não acredito em diabo, inferno ou danação eterna. Por isso, não adianta rogar praga.
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