Querida cidade, sim

E nossa Belém completa hoje seus 393 anos de fundação. Vai ter bolo (doado todos os anos pelo sindicato dos panificadores), sorvete (da Cairu, claro) e guaraná, que é bem amazônico. Só que talvez não haja cadeiras suficientes para todos, já que um de nossos grandes nós no desenvolvimento é, justamente, infraestrutura.

Falamos tanto em nossa cidade e, em geral, apenas coisas negativas — frequentemente sem razão e, em outras tantas, fazendo críticas nada construtivas —, que quase nos esquecemos do porquê de gostarmos daqui. Parece haver uma estranha necessidade de depreciar a nossa terra. Mas eu sei porque gosto de meu torrão natal, como diziam os antigos.
Nenhum discurso sobre folclore, ritmos e sabores, não. Isso fica para os artistas. Gosto por causa das minhas raízes. E digamos que haja alguns traços de persistência em minha personalidade.

É fato que não temos muito a comemorar. Resta-nos, contudo, se assim quisermos, cultivar esperanças. E eu as cultivo. Ainda acredito que teremos melhor qualidade de vida, embora não nos próximos quatro anos. Depois dizem que não sou paciente...

Este ano, contudo, é fato que o aniversário da cidade está diferente. Ao invés de apenas pão, circo e muito discurso — isso está presente, obviamente —, há obras sendo anunciadas, que ajudarão a sanar um pouco de nossas muitas carências. É o efeito Fórum Social Mundial, que lamentavelmente não nos oferecerá tudo o que podia, já que apenas uma pequena fração das obras necessárias sairá do papel — e boa parte após o grande evento, que começa daqui a apenas quinze dias.
Mas antes isso do que nada.

Feliz aniversário, Belém.

A fotografia do Mercado de Ferro é de Luciana Cativo. A da Praça da República, com vista do Theatro do Paz, não estava identificada. A da doca do Ver-o-Peso estava indicada como pertencendo ao acervo da Prefeitura de Belém.


Acréscimo em 16.1.2012: Infelizmente, as tais obras não saíram do papel. Que lástima...