quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Aula de fono"

Se tem uma coisa que tira do sério minha cunhada Diana, que é fonoaudióloga, é alguém utilizar a expressão "aula de fono". Ao que parece, esse é o maior e mais comum atentado contra a dignidade da Fonoaudiologia produzido pela ignorância alheia, o que de resto costuma acontecer em toda área do conhecimento. Tenho uma aluna com essa formação e ela reclama da mesma coisa. Infelizmente para os profissionais do ramo, contudo, trata-se de um erro cotidiano. Veja-se a declaração da atriz Larissa Maciel, agora no ar, na Globo, como Titelrolle da minissérie Maysa  Quando fala o coração: "Estou tendo aulas de violão, canto, expressão corporal e fonoaudiologia".
Maior sucesso editorial brasileiro de todos os tempos na área dos quadrinhos, o n. 1 da Turma da Mônica Jovem, que apresenta os celebérrimos personagens de Maurício de Souza adolescentes e em estilo mangá, esclarece o motivo pelo qual Cebolinha, que sofre de dislalia, aprendeu a pronunciar a letra "r": está tendo "aulas de fono".
O fato é que fonoaudiólogos não são professores. Nessa condição, eles não ministram aulas. Podem fazê-lo, ao tornarem-se professores, do mesmo jeito que profissionais de todas as áreas, quando assumem a docência. Em outras palavras, não existe aula de fono. O que os fonoaudiólogos fazem é ensinar e aplicar técnicas cujo resultado esperado é uma melhor articulação da linguagem (aqui estou sendo dramaticamente sucinto).
Portanto, meu amigo, se for o seu caso, não diga mais essa bobagem de "aula de fono". Quebre esse galho. Assim como imploro às pessoas que não falem "de menor" ou "de maior". Informe-se e não incorra em gafes perfeitamente evitáveis.

7 comentários:

Anônimo disse...

Caramba! Quando comecei a ler o texto, imediatamente imaginei que você estivesse falando das "aulas de fono" ministradas pelas faculdades aos alunos do curso em questão. Nesse caso, "aula de Fonoaudiologia" é uma expressão perfeitamente possível.

Yúdice Andrade disse...

Você tem razão, anônimo. Genericamente falando, pode-se dizer que os acadêmicos do curso em questão têm "aulas de Fonoaudiologia", apesar de haver uma certa imprecisão nisso. Afinal, temos aulas de certas disciplinas e, que eu saiba, entre elas existe a fonologia e a audiologia, porém não existe nenhuma disciplina com o nome do curso. Nesta perspectiva mais restrita, nem os alunos do curso têm aulas de fonoaudiologia.
No mais, penso que o texto esclarece que eu me referia a outro sentido.
Obrigado por me ajudar a esclarecer.

Frederico Guerreiro disse...

Ainda bem que o curso não é de culinária.

Anônimo disse...

Pior era a minha irmã, que ia pra aula de "xilo", no antigo curso de educação artística da UFPa...
Artur Dias

Yúdice Andrade disse...

Maldade, Fred...

E o que era essa "xilo", Artur? Xilogravura? Bom te encontrar de novo por aqui.

Anônimo disse...

Xilogravura. Cada vez que ela pronunciava "xilo!", eu me arrepiava.
Artur Dias

Yúdice Andrade disse...

Imagino que ela teve outras disciplinas curiosas, Artur. Abraço.