A ponte, eu não sei, mas a cara do prefeito de Alenquer deve ser 100% maçaranduba. Só isso para explicar que, segundo o alcaide, ainda seja possível a algum pescador passar por baixo da ponte que você vê aí ao lado. Tudo bem que a foto pode ter sido tirada num momento de maré cheia, mas maré é isso mesmo: sobe e desce duas vezes ao dia. Nas condições que vemos aí, o pescador pode até passar por debaixo da ponte, mas a nado, jamais em sua canoa, levando o pescado do dia para vender e garantir sua subsistência.
A ponte de 360 metros — que o prefeito quer inscrever no Guinness Book por ser, supostamente, a maior do mundo inteiramente de madeira — está no centro de um conflito jurídico na cidade. O Ministério Público pediu o embargo da obra nos autos de uma ação civil pública mas, para variar, a decisão demorou, dando margem a que o prefeito mandasse acelerar os trabalhos e a inaugurasse. Agora o MP quer provas de que a obra obteve licença ambiental, sob pena de demolição. Situação grave, que conduziria inclusive a uma ação de improbidade, para que o prefeito (que concluirá seu mandato em 1º de janeiro próximo) restituísse aos cofres públicos o dinheiro empregado em empreendimento irregular e desfeito.
Não se trata apenas da altura da ponte e seus efeitos sobre a navegação. A promotoria de justiça também questiona a origem da madeira. Segundo o prefeito engraçadinho, a ponte ainda estará de pé daqui a "mil anos", por ser toda de maçaranduba, alegadamente extraída de diversas propriedades da região, tendo sido doada pelos proprietários, interessados na contrapartida, que seriam melhoramentos nas estradas.
Esse tipo de confusão ocorre porque as pessoas se recusam a trabalhar direito. Sabemos que a integração é uma das maiores necessidades dos Municípios do interior paraense. Uma ponte, sem dúvida, é necessária. Mas como os fins não devem jamais justificar os meios, era só fazê-la bem feita e dentro da lei. Como não se quis assim, agora precisamos ver autoridades se confrontando, causando perplexidade no humilde cidadão comum e ainda tendo que aturar o previsível e insuportável discurso desenvolvimentista e de menosprezo pelo meio ambiente, como se vê nas palavras do prefeito.
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